Pedro Lucas Lindoso
Recebi um cartão-postal de tia Idalina. Está em Paris.
Resolveu, depois de muitos anos, rever Paris no outono.
Bem antes de o cartão-postal chegar havia recebido um e-mail
de titia. Dizia-me que na primeira vez que esteve na França não precisou de
mais de 15 minutos de fila para subir na Torre Eiffel. Agora, é praticamente
impossível, me disse. Filas quilométricas.
Informada de que a torre piscava em certos horários pegou uma
excursão noturna para conferir a novidade. Idalina ficou encantada. Na última
piscada, as luzes da torre se apagam. Somente as luzes piscantes ficam acesas.
Isso acontece à meia-noite.
Depois do espetáculo, titia foi até um quiosque à procura de
cartão-postal. Havia estrangeiros vendendo bugigangas diversas. De roupas a
miniaturas, menos postais.
– Um absurdo, me explicou titia.
Quem nesse mundo de e-mails e WhatsApp ainda manda postais,
além de tia Idalina?
Enviar postais a amigos, parentes e pessoas queridas durante
uma viagem é uma ótima forma de mostrar afeto e dar às pessoas uma noção de
onde você está. Mas quem ainda faz isso?
As pessoas hoje em dia fazem isso pelo Facebook, Instagram e
outras mídias. Há pessoas que nunca viram um postal. O jovem porteiro do meu
prédio ficou curioso. Uma carta sem envelope!
Disse a ele que o cartão postal ou simplesmente postal, é uma
carta simplificada. Na verdade é um
pequeno retângulo de papelão fino, com a intenção de circular pelo Correio sem
envelope. Em uma das faces, do lado direito, se coloca nome e endereço do
destinatário e o selo. Na outra parte, do lado esquerdo, a mensagem do
remetente. No verso do postal há uma bela figura do local onde a pessoa está
viajando.
O cartão postal que recebi de tia Idalina era obviamente a
Torre Eiffel. O cartão de titia dizia: “Há diversas réplicas da Torre Eiffel
pelo mundo. Vi uma em Las Vegas, nos Estados Unidos. Também avistei uma em
Tóquio, no Japão. Ouvi dizer que tem uma em Calcutá, na Índia. Nada supera
Paris. Paris toujours Paris. Paris
sempre Paris. Beijos. Idalina”.
Foi uma alegria receber um postal da França. Tia Idalina dá
lucro aos Correios. Manda postal aos amigos e parentes. Envia telegramas de
felicitações e pêsames. Posta cartão de Natal todo ano.
Ela já utiliza e-mails. Vamos aguardar quando ela descobrir o
Facebook e o Instagram.