Pedro Lucas Lindoso
Não me lembro de ganhar presentes no dia das crianças. Na
Manaus de minha infância, curumim ganhava presente no aniversário e no Natal. E
só. Não havia televisão. A meninada não era influenciada para perturbar os pais
com essa avalanche de marketing e de consumo desenfreado.
O Google me informa que o dia da criança foi criado no Brasil
por lei em 1924. Mas ficou esquecido por décadas. Até que uma multinacional e a
famosa fábrica de brinquedos Estrela começaram uma campanha de marketing nos
anos sessenta. Contudo, direcionada mais para os bebês.
Já meus filhos, brasilienses e criados com Xuxa, Angélica e
companhia já festejavam e eram festejados como crianças merecedoras de
passeios, festas, gincanas e brinquedos.
O fato é que o dia 12 de outubro virou tradição. E não
adianta. Para quem é pai ou mãe a data toca o nosso lado emocional. E o
presentear nossos filhos passa ser simbólico. É a concretização desse amor
paternal. Demonstramos toda essa estima, esse carinho e desvelo que tanto
caracteriza a paternidade responsável.
Nem todos os países comemoram as crianças no dia 12 de
outubro. A Organização das Nações Unidas
reconhece o dia 20 de novembro como o Dia Mundial da Criança. Em 1959 foi
aprovada nesta mesma data a Declaração Universal dos Direitos da Criança.
Também nesse dia, em 1989, foi promulgada a Convenção dos Direitos da Criança,
da qual o nosso país é signatário.
Na família que construí com Vera sempre se comemorou o dia
das crianças com nossos filhos. É feriado por conta da Padroeira do Brasil,
Nossa Senhora Aparecida. Passeios, brinquedos e festas são lembranças marcantes
para todos nós.
Mas os filhos crescem e o dia perde a graça. Até que chega a
primeira neta. Maria Luísa. De repente o dia 12 de outubro volta a aquecer os
corações. Agora de avós.
A grande Rachel de Queiroz em seu conhecido texto “A Arte de
Ser Avó”, explica que “netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem
ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu”.
Pura verdade. Viva o dia das crianças!