Pedro Lucas Lindoso
Uma das ruas mais icônicas do Centro Histórico de Manaus é a
de Bernardo Ramos. Lá está situado o IGHA – Instituto Geográfico e Histórico do
Amazonas do qual eu tenho a honra e privilégio de ser membro efetivo. A rua já
se chamou Rua de São Vicente, nome também da antiga ilha que denominava o
local.
Todavia, Bernardo Ramos merece a homenagem. Arqueólogo,
poliglota e numismata foi Intendente Municipal em Manaus e criador do IGHA.
Na Rua Bernardo Ramos temos ainda o prédio da primeira Loja
Maçônica do Amazonas. A Esperança e Porvir, fundada em 1872. Além da Loja Rio
Negro outra pioneira da maçonaria amazonense.
No final da rua fica a sede do Nono Distrito Naval. No início dela fica
o Arquivo Público e a 29ª Circunscrição do Serviço Militar. A rua abriga ainda
o BAHSERIKOWI – Centro de Medicina Indígena e o Instituto Amazônia.
Paralela à Rua Bernardo Ramos temos a também famosa Rua Frei
José dos Inocentes. Outrora chamada de Rua do Trem. O que é um mistério porque
nunca houve trens em Manaus. Houve bondes. Famosos e democráticos, os bondes
eram administrados e operados por conceituada empresa britânica. Também é justa
homenagem ao Frei José dos Inocentes, paraense que viveu em Manaus na segunda
metade do Século 18, onde exerceu a função de Vigário Geral.
Paralela a ambas temos o início da Avenida Sete de Setembro,
que nasce na beira do rio Negro e se chamou Rua Municipal. E por falar na data,
já é hora de lembrar e planejar os 200 anos da independência em 2022.
Mais abaixo temos a Rua Visconde de Mauá que homenageia o
comerciante, industrial e banqueiro do Segundo Reinado. Mauá foi o grande
responsável pela industrialização do Brasil no período do Império.
Para ligação entre a Rua Bernardo Ramos e a Frei José dos
Inocentes temos o Beco Casimiro. Quem teria sido esse Casimiro?
Para se ter acesso a Avenida Sete de Setembro pela Bernardo
Ramos é preciso tomar a Travessa Carolina. Não há endereços na Travessa
Carolina. Apenas os muros dos casarões, que vão de uma rua a outra.
Eu também me pergunto: quem teria sido Carolina, que leva o
nome da travessa que liga ruas tão importantes? Alguém que foi homenageada numa
pequena travessa onde não mora ninguém.