David Almeida
Enquanto houver energia o silêncio da voz não impedirá o
grito pela vida, nem a falta dos pés no chão atrapalhará a caminhada de quem
corre atrás da sua existência; de quem sente a terra fértil, querendo fecundar
o amor. E o olhar, sob a moldura da janela da alma, vê, como é curta a distância,
onde as mãos poderiam se entrelaçar, onde a raça humana estaria livre dos
preconceitos, onde a palavra de sustentação da vida poderia ser ouvida apenas
com um simples gesto de leves movimentos de um corpo. Nos ouçam...
A vida é só uma. As diferenças de viver dentro de uma
sociedade desigual é que atropelam as relações entre os viventes, e até o
silencio de quem já viveu.
Nos ouçam, nos toquem,
nos sintam! Somos vidas, somos gente, somos como as flores! Somos como as águas cristalinas das fontes; somos
a resistência. Não desistimos do mundo porque somos luz, somos sombras também,
somos os ventos que alegram as velas e animam a solidão das jangadas na
imensidão dos mares, somos as brisas que calmamente acariciam a relva verde.
Somos as pedras do caminho; asas de passarinho, somos parte
um dos outros, somos nós e vós, portanto, fazemos parte do mesmo planeta, ainda
azul! A vida sem nós é só um pedaço, somos tudo pra vida, somos tudo pra todos.
Nos ouçam...
Somos o sol, a chuva, a claridade das manhãs e o cinza das
tardes. Somos a noite, o brilho das estrelas na lua cheia de vida. Tudo na vida
é preciso, mas viver é a razão de quem vive pra poder até navegar, voar, ou
patinar na geleira azul da solidão.
Quer me ver, me tocar? Então, olhe para você mesmo diante do
espelho, a imagem refletida é a da vida, embora não fale, não cheire, não
resmungue só se movimente, mas é a tua vida, são os gestos, os movimentos que
podem dizer muita coisa, até salvar uma vida. Até curar tua ferida, e, até
dizer que te ama. Somos parte de uma construção, somos parte de um todo, e a
razão de se emocionar quando a vida aparece como uma luz no final do túnel e
clareia nosso caminho de esperança. Nos ouçam!!!