Pedro Lucas Lindoso
Estava no fórum e como de costume conversava com meu amigo
Dr. Chaguinhas. O assunto versava sobre um famoso brocardo jurídico – quod abundat non nocit. No jargão
forense, significa o que abunda não prejudica. Ou, o que é demais não é nocivo.
A origem do verbo abundant
é obviamente o Latim. Diferente de outra palavra que se refere aos glúteos,
cuja origem está em línguas africanas. Línguas que contribuíram muito para o
enriquecimento do Português do Brasil e de nossa cultura em geral.
Chaguinhas lembrou-se de um versículo do Evangelho de João em
que Jesus nos fala “Quero que tenhais vida e vida em abundância”.
E ficamos meditando sobre a beleza desse ensinamento de
Jesus.
O dicionário nos ensina que abundância é excesso do que é
necessário; bens em exagero, grande porção de alimentos, de indivíduos.
Mas será que o ensinamento bíblico seria esse mesmo?
Eu penso que não. Acredito que para o Messias abundância não
seria excesso. Também acredito que não significa desperdício nem muito menos
perda.
Chaguinhas concordou. E como bom filósofo humanista, disse
algo bem tocante:
– Acho que o ensinamento que podemos ter do versículo é que
abundância é não faltar nada. Que as coisas importantes da vida estejam sempre
disponíveis. Que não haja qualquer tipo de restrição.
Um rapaz nos ouvia com atenção. Aguardava para ser testemunha
em uma audiência. Identificou-se como estudante de Física, com intenções de
especializar-se em Astronomia.
O jovem nos contou que havia aprendido que abundância é a
quantidade de átomos ou moléculas que fazem parte de uma camada de gases que
envolvem o sol. Não só o sol, emendou ele. Mas todas as estrelas. Essa camada
de gases e íons circundam o núcleo, a parte de dentro das estrelas.
Chaguinhas e eu ficamos encantados com a explicação do jovem
futuro astrônomo.
Eu disse ao rapaz que continue a estudar as estrelas, os
planetas, o cosmo. E como seria bom se aqui em nosso planetinha Terra, todos os
habitantes tivessem abundância de comida, trabalho e principalmente de amor.