Gaia
Bruna
Lombardi
Você
sabe como eu sou despreocupada
que
me encerro neste quarto e me permito
todas
as divagações, as fantasias
obsessões,
perseguições, todos os dias
você
sabe que eu me viro de inventos
que
eu me reparto e dou crias
que
eu mal me resolvo e me aguento
carrego
pedras no bolso
e
enfrento ventanias.
Você
sabe como eu sou desorientada
raciocino
pelo instinto e cometo
fugas
de túnel de ladra de galeria
uso
malhas e madras manhas e lanhas
e
percorro superfícies
em
que você escorregaria
Mas
você sabe como eu sou de subsolos
de
subterfúgios, de subversos subliminares
como
eu sou de submundos
subterrâneos,
de sub-reptícias folias
meio
de circo, meio de farsa
ervas,
panfletos, fluidos, presságios
quebrantos,
jeitos, gírias, reviras
de
sensações e cismas, filosofias
de
como eu sou de estradas, andanças, pressentimentos
atmosférica
e vadia
gato
da noite, de crises, guitarras
ouros
e danças e circunstâncias
de
vinho azedo e companhia.
Que
eu sou de todas as misturas
todas
as formas e sintonias
e
enfrento esse aperto, essas normas
forças,
pressões, imposições, o poderio
os
intervalos, o silêncio da maioria.
Você
sabe de toda minha luta
mesmo
quando a intenção silencia
que
eu não cedo, não desisto
a
todo custo, a toda faca, a todo risco
eu
sobrevivo de paixão e de anarquia.
Você
sabe bem da minha fraude
Você
conhece as minhas alquimias.