Amigos do Fingidor

terça-feira, 10 de setembro de 2024

A finitude da vida

 Pedro Lucas Lindoso

 Para uma garotinha de 3 anos, a finitude da vida é algo que parece não só incompreensível como inexplicável. Minha neta Maria Helena perdeu o avô materno quando era bebezinha. Maria Helena cativa a todos. Não seria diferente com Anne e Maurilio, tios de sua mãe e seus tios avós e vizinhos de porta.

Maurilio faleceu recentemente. Instintivamente havia desenvolvido um carinho especial por Maria Helena. Um querer bem que, mesmo sem que fosse planejado, substituiria a ausência de seu cunhado e amigo Ernani. O avô falecido de Maria Helena.

Então, numa manhã ensolarada e quente de agosto, Maria Helena, com olhos curiosos e cabelos cacheados, acordou, como sempre, com um sorriso no rosto. Mas naquele dia, algo estava diferente. O burburinho da casa, que normalmente a fazia ficar animada, parecia misturado a algo triste.

“A mamãe e vovó estão chorando”, pensou Maria Helena, enquanto descia as escadas. Ao chegar à sala de estar, viu a mãe sentada no sofá, com as mãos cobrindo o rosto. Ao lado dela sua avó e seu pai. Depois chegou sua irmã Malu.

As pessoas falavam de seu tio Maurilio. Maria Helena e sua irmã Maria Luísa amavam o tio Maurilio. Ele sempre contava histórias engraçadas. Maria Helena adorava seu jeito carinhoso.

“Por que a mamãe e a vovó choram?”, perguntou Maria Helena com a inocência de uma criança que não entende a gravidade da situação. A resposta veio em forma de um abraço apertado: “Ele se foi, minha querida. Ele está no céu agora”.

Maria Helena ficou confusa. “O tio Mauro foi viajar?”, perguntou, olhando pela porta da varanda em busca de algum sinal dele. O céu estava azul, repleto de nuvens brancas. Para ela, isso significava que ele poderia voltar a qualquer momento. Trazendo seu picolé de tapioca. As horas passaram e Maria Helena continuou a fazer perguntas. “Quando o tio Mauro vai voltar?” e “Ele está brincando com as estrelas?”. Sua família tentava explicar a morte, mas as palavras soavam estranhas e pesadas para ela.

Ela vai à casa de tio Mauro e tia Anne. Moram na casa vizinha. Procura incessantemente por ele. É de partir o coração.

Maria Helena agora acredita que o tio virou estrela. Para ela, a perda não significa apenas um adeus, mas uma nova forma de conexão. A primeira lição sobre a vida e a morte havia sido plantada em sua mente inocente.

Maria Helena, através dessa experiência, trouxe um novo significado à dor de sua família, lembrando a todos que o amor nunca morre.  E aqueles que amamos continuam a viver em nossas memórias e nossos corações.

P.S.: Os sinceros sentimentos do cronista aos familiares e amigos de 

Maurilio Saraiva Cavalcante.