Amigos do Fingidor

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

A poesia é necessária?


                Passeio

             Grace Cordeiro

 

Muito prazer em te conhecer Dylan Thomas!

Muito prazer em te conhecer Antonin Artaud! 

Muito prazer em te conhecer Lima Barreto!  

Muito prazer em te conhecer Marcileudo Barros!

Muito prazer em te conhecer Alejandra Pizarnik!

Muito prazer em te conhecer Violeta Parra!

Muito prazer em te conhecer Sylvia Plath!

Muito prazer em te conhecer Violeta Branca!

Parto esse pão cheio de vontades!

Parto esse pão feito de loucura e vaidade! 

Parto esse pão porque é necessário coragem!  

Parto esse pão porque houve a semente, o fruto e as mãos!

Parto esse pão para os mudos e os surdos (quando deveria ser para todos).

Parto esse pão porque fomos expulsos do paraíso.

Parto esse pão, tabuleta de argila, pergaminho, papiro, papel e que agora desliza límpido na tela de um computador.

Parto esse pão coberto de linhas e signos no banco da praça, na cadeira de um botequim, no intervalo de um trabalho, no desassossego de uma vida.

Parto esse pão, bebo seu sumo porque tenho sede de conhecimento, alma e beleza.

Parto esse pão, essa palavra descascada, mastigada, esculpida, talhada, porque ela é sagrada e pode ser silenciada.

Parto esse pão, da praça à Academia, entre sóis violetas e ventos sonolentos

Parto esse pão, a palavra, esse breve sussurro da humanidade... ad immortalitatem.