Passeio
Grace
Cordeiro
Muito prazer em te
conhecer Dylan Thomas!
Muito prazer em te
conhecer Antonin Artaud!
Muito prazer
em te conhecer Lima Barreto!
Muito prazer em te
conhecer Marcileudo Barros!
Muito prazer em te conhecer Alejandra Pizarnik!
Muito prazer em te
conhecer Violeta Parra!
Muito prazer em te
conhecer Sylvia Plath!
Muito prazer em te
conhecer Violeta Branca!
Parto esse pão
cheio de vontades!
Parto esse pão
feito de loucura e vaidade!
Parto esse pão porque
é necessário coragem!
Parto esse pão
porque houve a semente, o fruto e as mãos!
Parto esse pão para
os mudos e os surdos (quando deveria ser para todos).
Parto esse pão
porque fomos expulsos do paraíso.
Parto esse pão,
tabuleta de argila, pergaminho, papiro, papel e que agora desliza límpido na
tela de um computador.
Parto esse pão
coberto de linhas e signos no banco da praça, na cadeira de um botequim, no
intervalo de um trabalho, no desassossego de uma vida.
Parto esse pão,
bebo seu sumo porque tenho sede de conhecimento, alma e beleza.
Parto esse pão,
essa palavra descascada, mastigada, esculpida, talhada, porque ela é sagrada e
pode ser silenciada.
Parto esse pão, da
praça à Academia, entre sóis violetas e ventos sonolentos
Parto esse pão, a
palavra, esse breve sussurro da humanidade... ad immortalitatem.