Amigos do Fingidor

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

FRANZ KAFKA – o mundo como um pesadelo

Cláudio Fonseca (foto maior) comenta nesta Quarta Literária a vida e a obra do genial Franz Kakfa (janela), que revolucionou a literatura moderna.

FRANZ KAFKA (1883 - 1924), considerado por muitos o pai da narrativa moderna, é um dos gênios mais impressionantes já surgidos na história da literatura universal. Seus contos, novelas e romances (entre eles A Metamorfose, O Processo, O Castelo, América, Na Colônia Penal, Um Artista da Fome, Diante da Lei etc.), nos quais a ação se passa em meio a um clima de aparente alucinação e pesadelo, onde ocorrem coisas ao mesmo tempo lógicas e absurdas, tornaram-se referências aos artistas contemporâneos, influenciando todas as escolas literárias do século XX e criando um labirinto de interpretações que já se somam a mais de 20.000 estudos e ensaios em todo o mundo.

Esse legado artístico grandioso, que o próprio escritor pediu em testamento que fosse destruído, apontava profeticamente os horrores que viriam logo a seguir na brutalidade dos campos de concentração nazistas (que dizimou sua família e amigos), o fim da justiça e o absolutismo no aparelho do Estado.

Em Franz Kafka tudo é surpreendente. Quando acreditamos tê-lo compreendido por inteiro surge-nos, de modo inesperado, sob um ângulo muito diverso. Não é autor que se possa catalogar em determinada escola ou tendência literária, ou fixar dentro de um círculo de pensamento filosófico, porque as amplas perspectivas que ele abre à nossa imaginação fazem-no, para sempre, participante da angústia moderna (que ninguém a sentiu e transmitiu mais profundamente que o próprio autor), tornando o Homem campo de experiências de si mesmo.

A noção de tempo e espaço está abolida em seus trabalhos; Seus personagens movem-se numa região fantasmagórica, controlados pelo mistério de seus destinos, dirigidos pelo absurdo de seus desejos e enquadrados em sua normalidade rígida e fantasiosa, que caracteriza a solidão das criaturas que se debatem entre o berço e o túmulo, contra as altas paredes de seus ideais. Por isso, Kafka identifica-se sempre, anonimamente, com o personagem principal. Não deseja individualizar-se, porque está representando o drama superior do Homem; não deve personalizar-se porque a sua história é a de todos nós, não a história corriqueira e enfadonha dos pequenos interesses que norteiam nossa vida, mas aquela íntima, indevassada, dos anseios frustrados, dos complexos, dos sonhos mortos no nascedouro.

A palestra desta Quarta Literária (05/11, 18:00h , Livraria Valer – Centro, entrada franca) será proferida pelo professor, economista e escritor Cláudio Fonseca.