Pedro Lucas Lindoso
Vou chamá-la pelo nome fictício de Matilde. Moça que desde a
tenra infância foi dada a fofocas. Coscuvilhice, como se diz em Portugal. Aqui
no Amazonas gostamos de usar a palavra potoca ou fuxico.
No Jardim da Infância, denunciava os coleguinhas que ainda não
haviam desfraldado e usavam chupeta. A pequena Matilde, ávida por fofoca, desde
o pré-primário procurava saber quais os amiguinhos que ainda tomavam mamadeira
ou usavam fraldas para dormir.
Nas séries iniciais do Primário, não se sabe como, Matilde
descobria os meninos que ainda faziam xixi na cama. Usava sempre terceiros
inocentes para espalhar os fuxicos.
No Ensino Médio, a moça foi responsável por provocar a “saída
do armário” de três colegas de turma. Um deles, filho de um pai severo e
homofóbico, foi obrigado a fugir de casa.
Matilde é secretária em uma multinacional no Polo Industrial
de Manaus. Como profissional continua com sua patológica mania de fazer fofoca.
Leva e traz fuxicos da diretoria ao chão da fábrica numa habilidade
extraordinária.
Já foi expulsa de vários grupos de WhatsApp. Porém, tem se
especializado em coscuvilhice virtual e se tornou uma expert em “fake news”.
Matilde com todo esse histórico de fuxiqueira se tornou um
perigo para a sociedade. Nas últimas eleições, resolveu divertir-se elaborando
as mais imaginativas “fake news” de candidatos à presidência. Elaborou “fakes”
durante todo o período de campanha eleitoral. Especialmente no segundo turno, a
moça usava suas horas de lazer para postar mentiras deslavadas entre diversos grupos
virtuais. O estranho e doentio é que fazia “fakes” tanto para o candidato
Bolsonaro como para Haddad. Vai entender!
Quem me contou essa história foi o meu amigo Dr. Chaguinhas.
Matilde teria sido levada à Polícia Federal para averiguações e precisou de
advogado.
Chaguinhas, desde que começou a ler Sigmund Freud,
apaixonou-se pela psicanálise. Formou-se como psicanalista recentemente.
Segundo ele, Freud explica tudo. E no caso de Matilde, será que Freud explica?
Para Chaguinhas, a moça tem “complexo de fuxico
intermitente”. Finalmente, Matilde foi diagnosticada.