Ninguém
Cláudio Fonseca
Um
dia ele chegou à beira deste lago.
E
aqui seu coração tombou, feito em destroços.
Veio
a solidão da pedra e da serpente
e
um leve refluir de rostos sobrepostos.
Ninguém
lhe viu cair, da face, o brilho quente.
Nem
seu mergulhar nas águas transparentes.
Ninguém
viu sua dor correr pela cidade,
bater
em cada esquina e porta, como um dardo.
Ninguém
viu transpirar das árvores um grito.
E
nem dali voar o pássaro assustado.
...
Nem a dor voltar em busca de um ausente.
Nem
seu mergulhar nas águas transparentes.