Pedro Lucas Lindoso
Há quem diga que no cemitério há milhares de pessoas tidas
como insubstituíveis. Claro que pais, filhos, principalmente filhos, irmãos e
grandes amigos, definitivamente são insubstituíveis.
Nas relações de trabalho e emprego, durante toda minha vida,
vi colegas se aposentarem, alguns faleceram e outros simplesmente pediram
demissão. Eu também trabalhei em lugares diversos com funções diversas. Alguns colegas se tornaram amigos e o contato
se manteve. Outros simplesmente desapareceram e não se têm notícias.
Sempre me questiono sobre até que ponto certas pessoas são
insubstituíveis. Há colegas ou superiores que se destacam. Fazem um excelente
trabalho. Quando partem é comum alguém colocar a questão. E agora? Quem vai
fazer o trabalho tão bem como sicrano? O fato é que em pouco tempo depois já
tem um substituto fazendo aquilo da mesma maneira, ou diferente, ou até com
mais eficiência. Em poucos meses ninguém
se lembra mais do colega que saiu.
E com relação aos animais de estimação? Falo dos “pets” que
fazem a alegria e tem o afeto incondicional de muitas pessoas e famílias. Há os
que morrem. Há os que desaparecem. Perdem-se no oco do mundo. Foi o caso da
gatinha Tininha. A gata pertencia à dona Teresa, uma simpática senhorinha
moradora da Compensa.
Dona Teresa sentiu muito a falta da gata Tininha. Ela
simplesmente sumiu. Uma semana depois, Tininha reaparece. A filha de dona
Teresa desconfiou que aquela gatinha fosse só muito, mas muito parecida com a
Tininha. Talvez uma irmã gêmea, quem sabe. Argumentou que Tininha que era
arredia estava agora mais carinhosa.
Dona Teresa disse que poderia ser trauma. Ficou na rua
perdida. A certeza que era Tininha deu-se quando ela chegou e veio direto em
sua direção. O fato é que dona Teresa se convenceu que a gata era a Tininha e
pronto. Fim de papo. Ai de quem ousasse dizer que seria uma impostora ou coisa
que o valha. A filha de Teresa acabou concordando que a gata era mesmo a
Tininha. A alegria e a felicidade voltaram a reinar na casa de dona Teresa.
Um dia a barriga de Tininha, que era castrada, começou a
crescer. Na opinião de dona Teresa, o
veterinário não tinha feito um trabalho bem feito. Essas coisas acontecem. Com
a conivência da filha de Teresa, Tininha foi novamente curetada e
definitivamente castrada.
A gatinha continuou sendo tratada e amada como a Tininha de
sempre. Até que ponto a gata Tininha foi substituível? Ou seria mesmo
insubstituível?