Amigos do Fingidor

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Escrúpulos, decoro e pudor. Você os têm?



Pedro Lucas Lindoso


Escrúpulos vem do latim scrupulum. Quem os têm geralmente apresenta um caráter virtuoso. Demonstra inquietude espiritual eivada de incerteza e hesitação ante alguma dúvida sobre se determinada circunstância é algo de bom ou ruim. Já o inescrupuloso é aquela pessoa que não tem princípio moral. Não age com ética. É desonesto.
Decoro também é do latim: decorum. Ter decoro pressupõe agir com decência. Quem o tem segue as normas morais e éticas em sociedade. A palavra relaciona-se ainda com recato, respeito e correção. O indecoroso age sem respeito, dignidade ou compostura. É indecente.
Pudor é sentimento de vergonha, timidez e mal-estar causado por qualquer coisa capaz de ferir a decência, a modéstia e a inocência. O pudor excessivo pode ser consequência de educação muito rígida com base em conceitos culturais que impedem expor certas partes do corpo, sem constrangimento.
Na Holanda, o pudor não tem muito prestígio. As janelas das casas holandesas ficam abertas e espera-se que não se olhe para dentro. E se olharem os holandeses não se perturbam. Em compensação é um povo altamente escrupuloso. Honestidade, respeito e correção é algo inerente à cultura dos povos dos Países Baixos. Direito, ética e moral são tão significativos para o holandês que em Haia tem-se a sede da justiça internacional. 
No século 16, Luís XIV mudou a capital de Paris para Versalhes. Uma ilha de conforto e mordomias. Versalhes, o mais magnífico palácio de toda a Europa, abrigou por mais de 100 anos, uma monarquia sem escrúpulos, sem decoro e sem pudor. Além de cruel e opressora.
Os cortesãos, por falta de outra coisa a fazer, acompanhavam a rotina do rei e sua família. O rei acordava, lavava-se, fazia as refeições e tudo mais na presença de súditos e séquitos de gente tão indecorosa e despudorada quanto o próprio rei e sua gente.
 Há muitos anos, um ministro de estado aqui no Brasil foi flagrado em “off” dizendo que “não tinha escrúpulos”. Na época perguntei ao Pereira, porteiro do prédio, se ele tinha escrúpulos. Disse-me que nunca tinha tido aquela doença. É uma pena. Os brasileiros estão precisando ter mais escrúpulos e decoro. Porque pudor mesmo não existe aqui. Somos o país do carnaval e das micaretas.