Amigos do Fingidor

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Castanhas. De quem são mesmo?

Pedro Lucas Lindoso

 

Desde menino aprendi que a nossa castanha tão presente na culinária amazonense em doces, tapiocas, bolos e outros que tais, se chama castanha do Pará.

No estrangeiro são conhecidas e, portanto, exportadas como “Brazil nuts”. Castanhas do Brasil. Adolescente intercambista nos Estados Unidos, fui chamado de “Brazil nuts”. Aquilo foi só uma brincadeira. Não se tinha conceitos de bullying na minha juventude. “Nuts” em Inglês, no plural, é usado para indicar que alguém está louco, maluco, doido varrido.

Li que o Amazonas tem produzido grande quantidade de castanha do Pará. Meu avô paterno, que foi seringalista, com a crise da borracha, também comercializava peles de animais e castanhas. Conhecidas como castanhas do Pará.

Uma rivalidade boba instalou-se entre os amazonenses e paraenses que moram por aqui. A grande maioria não é de Belém. São nossos irmãos da região do Baixo Amazonas. Mais precisamente da Região de Santarém, a cidade do Alter do Chão. Banhada pelo lindo rio Tapajós. Assim, são mais tapajoaras que paraenses. Estão chamando, acho que por birra, a castanha do Pará, de castanha da Amazônia. Ou do Brasil.

A castanha do Pará é um fruto da família das oleaginosas, assim como as amêndoas e as nozes. Segundo as nutricionistas da hora possuem diversos benefícios para a saúde. Ricas em proteínas, fibras, selênio, magnésio, fósforo, zinco e vitaminas do complexo B e vitamina E.

Por conter antioxidantes, a castanha do Pará promove a diminuição do colesterol total e melhora o sistema imunológico. Ajuda a prevenir alguns tipos de câncer, como de mama, próstata e cólon. Como tudo, se ingerida em excesso, pode fazer mal.

A castanha do Pará é um fruto da árvore chamada Bertholletia excelsa.  São as castanheiras.  Árvores altas e de grande beleza. A coleta da castanha é feita por extrativistas que vivem no interior das florestas e nas margens dos rios. Passam dias e dias caminhando para coletar os ouriços que caem da castanheira. As castanheiras chegam a viver 500 anos, e podem atingir até 50 metros.

Mas, para o caboclo extrativista a castanha é da mangavá (ou mamangava): uma abelha muito grande, que lembra um besouro. Essa abelha é a única que tem força para entrar na flor da castanheira e polinizá-la.  Portanto, a castanha não é nem do Pará, nem da Amazônia e nem do Brasil. Pertence mesmo à mangavá!