Pedro Lucas
Lindoso
Desde
menino aprendi que a nossa castanha tão presente na culinária amazonense em
doces, tapiocas, bolos e outros que tais, se chama castanha do Pará.
No
estrangeiro são conhecidas e, portanto, exportadas como “Brazil nuts”.
Castanhas do Brasil. Adolescente intercambista nos Estados Unidos, fui chamado
de “Brazil nuts”. Aquilo foi só uma brincadeira. Não se tinha conceitos de
bullying na minha juventude. “Nuts” em Inglês, no plural, é usado para indicar
que alguém está louco, maluco, doido varrido.
Li que
o Amazonas tem produzido grande quantidade de castanha do Pará. Meu avô
paterno, que foi seringalista, com a crise da borracha, também comercializava
peles de animais e castanhas. Conhecidas como castanhas do Pará.
Uma
rivalidade boba instalou-se entre os amazonenses e paraenses que moram por
aqui. A grande maioria não é de Belém. São nossos irmãos da região do Baixo
Amazonas. Mais precisamente da Região de Santarém, a cidade do Alter do Chão.
Banhada pelo lindo rio Tapajós. Assim, são mais tapajoaras que paraenses. Estão
chamando, acho que por birra, a castanha do Pará, de castanha da Amazônia. Ou
do Brasil.
A
castanha do Pará é um fruto da família das oleaginosas, assim como as amêndoas
e as nozes. Segundo as nutricionistas da hora possuem diversos benefícios para
a saúde. Ricas em proteínas, fibras, selênio, magnésio, fósforo, zinco e
vitaminas do complexo B e vitamina E.
Por
conter antioxidantes, a castanha do Pará promove a diminuição do colesterol
total e melhora o sistema imunológico. Ajuda a prevenir alguns tipos de câncer,
como de mama, próstata e cólon. Como tudo, se ingerida em excesso, pode fazer
mal.
A
castanha do Pará é um fruto da árvore chamada Bertholletia excelsa. São as castanheiras. Árvores altas e de grande beleza. A coleta da
castanha é feita por extrativistas que vivem no interior das florestas e nas
margens dos rios. Passam dias e dias caminhando para coletar os ouriços que
caem da castanheira. As castanheiras chegam a viver 500 anos, e podem atingir
até 50 metros.
Mas,
para o caboclo extrativista a castanha é da mangavá (ou mamangava): uma abelha
muito grande, que lembra um besouro. Essa abelha é a única que tem força para
entrar na flor da castanheira e polinizá-la.
Portanto, a castanha não é nem do Pará, nem da Amazônia e nem do Brasil.
Pertence mesmo à mangavá!