Amigos do Fingidor

quinta-feira, 31 de março de 2022

A poesia é necessária?

 

Receita para fazer um herói

Reinaldo Ferreira (1922-1959)

 

Tome-se um homem,

Feito de nada, como nós,

E em tamanho natural.

 

Embeba-se-lhe a carne,

Lentamente,

Duma certeza aguda, irracional,

Intensa como o ódio ou como a fome.

 

Depois, perto do fim,

Agite-se um pendão

E toque-se um clarim.

 

Serve-se morto.