Soneto 222 Ao fim e ao cabo
Glauco Mattoso
Ao cabo de alguns anos bengalando,
decoro cada pedra do caminho,
o ponto onde alguns galhos com espinho
esbarram-me na cara quando eu ando.
Ao cabo de alguns meses sonetando,
compor passa a processo comezinho,
tal como encher o copo com mais vinho
sabendo, em plenas trevas, quanto e quando.
A forma do soneto é o quarteirão
ao qual, por anos, dando a volta vim
sem guia ou companhia de outro cão.
Caminhos nunca mudam para mim.
Só muda a caminhada, como vão
mudando meus sonetos. Chego ao fim.