Amigos do Fingidor

quinta-feira, 7 de abril de 2022

A poesia é necessária?

 

Soneto 222 Ao fim e ao cabo

Glauco Mattoso

 

Ao cabo de alguns anos bengalando,

decoro cada pedra do caminho,

o ponto onde alguns galhos com espinho

esbarram-me na cara quando eu ando.

 

Ao cabo de alguns meses sonetando,

compor passa a processo comezinho,

tal como encher o copo com mais vinho

sabendo, em plenas trevas, quanto e quando.

 

A forma do soneto é o quarteirão

ao qual, por anos, dando a volta vim

sem guia ou companhia de outro cão.

 

Caminhos nunca mudam para mim.

Só muda a caminhada, como vão

mudando meus sonetos. Chego ao fim.