Pedro Lucas Lindoso
Primeiro
de abril. Dia da mentira. Dizem que a mentira tem perna curta. Mas o boato
corre. Há várias versões sobre a origem do primeiro de abril. Acredita-se que
teria surgido na França. Os trotes são conhecidos por lá como “plaisanteries”.
Em
Minas Gerais, a revista chamada A Mentira, lançada em primeiro de abril
de 1828, noticiava falsamente o falecimento de dom Pedro. Na minha opinião, uma
“plaisanterie” inoportuna e deselegante. Aliás, “plaisanterie”, significa
gracejo, piada. Sou totalmente favorável como brincadeiras ou trotes nesse dia.
Inclusive gosto de fazê-las. Desde que não sejam inoportunas ou inconvenientes.
Não
somente em Minas Gerais em tempos do Imperador, que a Imprensa participa da
brincadeira. O jornal Le Parisien noticiou, em 1986, que a Torre Eiffel,
símbolo de Paris, seria desmontada e transferida para o parque de diversões
Euro Disney, próximo à capital francesa.
Em
1980, a rádio BBC anunciou em Londres que os ponteiros do Big Ben seriam
trocados por um painel eletrônico. As hastes antigas seriam doadas ao primeiro
ouvinte que telefonasse para a rádio. Foram notícias falsas que não envolveram
nenhuma pessoa em particular nem macularam a imagem de alguém.
Há
ainda a mentira branca. É aquela que nos impede de ferir ou insultar alguém com
a verdade fria e dolorosa. Uma noiva
vestida inadequadamente. Ninguém pode ou deve magoá-la. Outra mentira positiva
é aquela benéfica. O médico sabe que o paciente está terminal. Mas, o visita em
seu leito de morte para levantar seu ânimo. Milagres acontecem.
A
verdade é que todos nós somos mentirosos até certo ponto. Porém a mentira
patológica ultrapassa os limites da normalidade. O mentiroso patológico, também
conhecido como mitomaníaco, é alguém que mente compulsivamente.
O
mitomaníaco não se importa de contar inverdades ou distorcer a realidade. E
esses encontraram um terreno fértil para sua anomalia nas redes sociais. Essas
pessoas não conseguem resistir ao impulso de mentir. São os criadores de “fake news”.
Enxovalham a honra e a dignidade das pessoas sem qualquer escrúpulo ou espírito
de solidariedade cristã.
É lamentável
que, em nome de posicionamentos políticos e ideologias diversas, se espalhem
fofocas, mentiras e fake news a torto e a direito.
Sugere-se
que alguns devam buscar tratamento psicoterapêutico para superar esse
comportamento. No primeiro de abril, pode-se comemorar a mentira branca, a
benéfica e as inocentes “plaisanteries”. Mas, definitivamente, abaixo as fake news!