Amigos do Fingidor

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Até quando?

Pedro Lucas Lindoso

 

Acreditava-se que, com o fim do período eleitoral, a polarização política entre os brasileiros se amainasse. É o que sempre acontecia nesses últimos anos. Terminada as eleições para presidente e governadores, tinha-se a posse dos eleitos. Tudo voltava à normalidade. Sempre havia a expectativa de que com o novo governo as coisas podiam melhorar. Incluindo aí os que haviam votado para o perdedor.

Nunca houve unanimidade em nenhum lugar do mundo. A oposição não só deve existir como deve ajudar o governo ao apontar seus erros e equívocos.

Ouvi com tristeza, em reportagem na TV aberta, que as mensagens de ódio nas mídias sociais continuam. De ambas as partes. E não só na área política. Conteúdos racistas, misóginos, xenofobia, intolerância religiosa, homofobia, chauvinismo e até jingoísmo.

Jingoísmo é uma espécie de nacionalismo exacerbado. Usado em Ciências Políticas para definir a política externa agressiva em relação a um país ou grupo de países. O termo surgiu na Inglaterra vitoriana. O vocábulo serviu para designar o nacionalismo expansionista do Reino Unido.

Pessoas que participam de grupos de WhatsApp por razões familiares, de trabalho ou de interesses comuns não conseguem fugir das polêmicas que surgem em razão de mensagem revestidas de muito ódio, ironia exacerbada e inconvenientemente desrespeitosa.

Muitos administradores desses grupos solicitam que os participantes se abstenham de compartilhar mensagens fora do objetivo do grupo. E que evitem postar aquelas que são revestidas de ódio, desrespeito ou desprezo para com a religião, posição política, opção sexual ou etnia de um ou mais participantes do grupo.

Mas nem sempre o administrador é atendido. Pessoas mais sensíveis saem dos grupos. Isso é ruim. Há grupos de ajuda mútua, de profissionais, membros de associações etc. E ainda, de familiares com membros queridos doentes, cuja saúde e evolução de tratamento médico a todos interessa e os preocupa. 

 Raízes do Brasil, obra clássica de Sérgio Buarque de Holanda, define o brasileiro como “Homem Cordial”. E como seria esse brasileiro? Para Buarque de Holanda, nós, brasileiros, buscamos priorizar a cordialidade. O homem cordial, segundo Sérgio Buarque, precisa expandir o seu ser na vida social, precisa estender-se na coletividade – não suporta o peso da individualidade. O livro é de 1936. Escrito antes da Segunda Guerra. Li o livro na faculdade.  Eu sempre acreditei que o brasileiro fosse cordial. Não acredito mais. As raízes do Brasil estão apodrecendo? Até quando?