Pedro Lucas Lindoso
Acreditava-se
que, com o fim do período eleitoral, a polarização política entre os
brasileiros se amainasse. É o que sempre acontecia nesses últimos anos.
Terminada as eleições para presidente e governadores, tinha-se a posse dos
eleitos. Tudo voltava à normalidade. Sempre havia a expectativa de que com o
novo governo as coisas podiam melhorar. Incluindo aí os que haviam votado para
o perdedor.
Nunca
houve unanimidade em nenhum lugar do mundo. A oposição não só deve existir como
deve ajudar o governo ao apontar seus erros e equívocos.
Ouvi
com tristeza, em reportagem na TV aberta, que as mensagens de ódio nas mídias
sociais continuam. De ambas as partes. E não só na área política. Conteúdos
racistas, misóginos, xenofobia, intolerância religiosa, homofobia, chauvinismo
e até jingoísmo.
Jingoísmo
é uma espécie de nacionalismo exacerbado. Usado em Ciências Políticas para
definir a política externa agressiva em relação a um país ou grupo de países. O
termo surgiu na Inglaterra vitoriana. O vocábulo serviu para designar o
nacionalismo expansionista do Reino Unido.
Pessoas
que participam de grupos de WhatsApp por razões familiares, de trabalho ou de
interesses comuns não conseguem fugir das polêmicas que surgem em razão de
mensagem revestidas de muito ódio, ironia exacerbada e inconvenientemente
desrespeitosa.
Muitos
administradores desses grupos solicitam que os participantes se abstenham de
compartilhar mensagens fora do objetivo do grupo. E que evitem postar aquelas
que são revestidas de ódio, desrespeito ou desprezo para com a religião,
posição política, opção sexual ou etnia de um ou mais participantes do grupo.
Mas nem
sempre o administrador é atendido. Pessoas mais sensíveis saem dos grupos. Isso
é ruim. Há grupos de ajuda mútua, de profissionais, membros de associações etc.
E ainda, de familiares com membros queridos doentes, cuja saúde e evolução de
tratamento médico a todos interessa e os preocupa.
Raízes do Brasil, obra clássica de Sérgio
Buarque de Holanda, define o brasileiro como “Homem Cordial”. E como seria esse
brasileiro? Para Buarque de Holanda, nós, brasileiros, buscamos priorizar a
cordialidade. O homem cordial, segundo Sérgio Buarque, precisa expandir o seu
ser na vida social, precisa estender-se na coletividade – não suporta o peso da
individualidade. O livro é de 1936. Escrito antes da Segunda Guerra. Li o livro
na faculdade. Eu sempre acreditei que o
brasileiro fosse cordial. Não acredito mais. As raízes do Brasil estão
apodrecendo? Até quando?