Amigos do Fingidor

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

A poesia é necessária?

 

Do corpo, da memória

Ernesto Penafort (1936-1992)

 

eis que surges, noite morta.

nem te adivinhava antes,

já vagava em outras terras,

outros mares me banhavam.

entretanto, estás

presente, suor do corpo.

rastro de quem anda,

amor de quem partiu.

 

eis que surges, noite morta.

mesmo adivinhar-te

era um absurdo, noite morta.

principalmente agora

que vejo luz e longe,

estás presente, suor do corpo,

memória e tatuagem,

novamente suor do corpo,

estás presente,

memória de quem anda,

suor de quem partiu.