Pedro Lucas Lindoso
Domingo
passado, alguns moradores de Copacabana, no Rio de Janeiro ficaram 12 horas sem
luz elétrica. Mais especificamente, no quarteirão onde mora Tia Idalina. Ela me
conta, via WhatsApp, que foi um caos.
Disse à
titia que em Manaus continuamos a ter problemas de abastecimento. Não só de
luz, mas de muitas outras coisas. É comum faltar energia em algumas áreas da
cidade. Muitos prédios possuem gerador próprio. Titia não permite que se fale
mal de Manaus. Aliás, só admite reclamações de amazonenses.
A
verdade é que sempre sofremos por falta de abastecimento regular de algumas
coisas de vital importância. Ninguém esquece o drama vivido pela cidade durante
a pandemia. Faltou oxigênio e o Brasil acompanhou a dramática situação vivida
por nós aqui na cidade. De repente o consumo de oxigênio ficou quinze vezes
mais alto em menos de dez dias!
Nos
anos sessenta do século passado, antes da Zona Franca, sempre “faltava” algum
gênero de primeira necessidade. As comadres logo ficavam sabendo que poderia
faltar arroz. Então todos corriam para as mercearias e mercados atrás do
produto. As vezes o estoque estava até dentro da normalidade. Mas, com o boato,
as pessoas estocavam. E sempre faltava para os outros desavisados.
Na nossa casa, na Henrique Martins, tinha uma
dispensa para guardar produtos não perecíveis. Numa família de sete filhos não
pode faltar leite, por exemplo. Podia-se comprar leite in natura, vindo
das fazendas do Careiro. Mas era muito irregular. Usava-se muito leite em pó.
Era muito frequente o uso do leite condensado. Darinha, nossa empregada de toda
a vida, chamava-o de leite condenado. Hoje há variedades de leite em pó com
especificidades diversas. Alguns bebês precisam de determinado tipo de leite.
Uns bastante caros, por sinal.
Essa última seca foi dramática. O
abastecimento na cidade ficou prejudicado. Desde a fim da pandemia começamos a
sentir falta de alguns produtos. Mas, recentemente, a coisa ficou mais
complicada com a logística afetada pelos rios.
A estiagem não é uma novidade por aqui.
Todos
os anos, no segundo semestre, há uma redução das chuvas. Daí ocorre a redução
do volume de água nos rios. Isso complica a vida dos moradores e das empresas.
No ano de 2023 a vazante foi recorde. A seca acabou impossibilitando
parcialmente a navegação pelos nossos rios. Os produtos que sofrem mais impacto
são os alimentos, como arroz, congelados e resfriados. O cimento, metais e cerâmica
provocaram aumento na construção civil. Com a idade nos tornamos consumidores
de alguns remédios de uso contínuo. Fiquei preocupado com a falta de um
determinado remédio que me é imprescindível. Tia Idalina, que veio do Rio para
o Carnaval, me trouxe cinco caixas. Um exagero.
Titia
veio especialmente para prestigiar Mazé Mourão, que, como todos sabem, é a
madrinha da BICA deste ano. Idalina trouxe um estoque de confete e serpentina
do Rio. Também imprescindíveis para as folias. Bobagem! Jamais faltou confete e
serpentina no nosso carnaval!