Pedro Lucas Lindoso
Há com certeza uma academia de letras em cada unidade da federação. Inclusive no Distrito Federal. No Rio de Janeiro, onde fica a sede da Academia Brasileira de Letras, existe ainda a Academia Fluminense e outra em Niterói.
Além das prestigiadas academias estaduais, existem Brasil afora associações, grêmios e clubes literários. Alguns desses clubes e associações se autodenominam também de academias. Isso parece incomodar. Mormente alguns escritores que pertencem àquelas pioneiras e legítimas academias estaduais.
O Distrito Federal é uma unidade da federação onde não há municípios. Existem cidades satélites como a próspera Taguatinga. Alguns membros da Academia Brasiliense de Letras não viram com bons olhos a criação da Academia Taguatinguense de Letras. Eu penso que seria ótimo se cada município brasileiro tivesse, além da prefeitura, da Igreja e da Câmara Municipal, a sua Academia de Letras.
Outra polêmica grande é quem está qualificado para entrar nas academias. Moacyr Andrade foi um grande artista plástico e um festejado membro da Academia Amazonense. É certo que publicou livros. Mas sua grande contribuição para nossa cultura foi nas suas maravilhosas telas. Fernanda Montenegro, ícone da cultura nacional, foi eleita, merecidamente, para a Academia Brasileira de Letras. Escreveu um livro. Mas certamente será eternamente lembrada pelos seus filmes, novelas e peças de teatro.
Em Manaus temos vários clubes literários. Há intelectuais que acham que essas associações agasalham alguns sem a necessária qualificação para serem escritores. Nem todos os membros do Clube da Madrugada se destacaram como grandes escritores. Alguns, entretanto, se tornaram bastante conhecidos no Brasil e exterior.
Clubes e associações literárias sempre existiram. Jefferson Péres, em seu livro Evocação de Manaus – como eu a vi ou sonhei, nos fala do Clube da Madrugada. E lembra que existiu a República Livre do Pina, a Colmeia, que deu origem ao PTB, e muitas outras. Menciona ainda a Sociedade Castro Alves. Relata que no Grémio Álvares de Azevedo houve uma briga com dissidência. Alencar e Silva, José Cidade e Roberto Jansen saíram para fundar a Sociedade Amazonense de Estudos Literários – SAEL. Nenhuma dessas sobreviveu.
Pouco importa se são associações, grêmios, sociedades, clubes ou miniacademias, como os definiu Jefferson Péres. Para fazer parte, estude, frequente, participe, escreva e publique. O mais importante é amar os livros e a literatura.