Amigos do Fingidor

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

A poesia é necessária?

 

Vórtex

Anna Apolinário

 

Com audácia, manejar

os gumes da fala.

Em êxtase,

no deserto da lauda

exaurir o sangue,

signos em agudo auge.

Incansável navalha,

na retina, exato entalhe.

 

Tensionar a entranha,

instaurar o arremate.

Dar de comer ao verbo

a própria carne,

o corpo doado

a tudo o que for delírio,

demolição.

Este talento obscuro,

infernal júbilo,

labuta e consumição.