Vórtex
Anna Apolinário
Com audácia, manejar
os gumes da fala.
Em êxtase,
no deserto da lauda
exaurir o sangue,
signos em agudo auge.
Incansável navalha,
na retina, exato entalhe.
Tensionar a entranha,
instaurar o arremate.
Dar de comer ao verbo
a própria carne,
o corpo doado
a tudo o que for delírio,
demolição.
Este talento obscuro,
infernal júbilo,
labuta e consumição.