Amigos do Fingidor

quinta-feira, 22 de junho de 2023

A poesia é necessária?

 

Rapariga

Ana Paula Tavares

 

Cresce comigo o boi com que me vão trocar

Amarraram-me já às costas, a tábua Eylekessa

 

Filha de Tembo

organizo o milho

 

Trago nas pernas as pulseiras pesadas

Dos dias que passaram...

 

Sou do clã do boi –

 

Dos meus ancestrais ficou-me a paciência

O sono profundo de deserto,

a falta de limite...

 

Da mistura do boi e da árvore

a efervescência

o desejo

a intranquilidade

a proximidade

do mar

 

Filha de Huco

Com a sua primeira esposa

Uma vaca sagrada,

concedeu-me

o favor das suas tetas úberes