Amigos do Fingidor

terça-feira, 20 de julho de 2010

O estranho caso da Vila da Barra – 9

Marco Adolfs

– Deus meu! Então isso tudo é uma coisa séria – disse o português, ainda impressionado com o que escutara.

– ...E está claro que os portugueses querem vencê-la saindo na frente, e para isso contam com essa nossa ajuda – completei. – E, além disso, eles nos pagarão ainda mais – afirmei.

Neste momento, o português cofiou mais uma vez o espesso bigode e, com um olhar matreiro, virou-se na direção de um criado e começou a falar no que parecia ser um dialeto indígena. Pelo tom de voz e as expressões que usava, inclusive apontando de vez em quando em minha direção, percebi que ele estava relatando a situação toda ao silvícola. No final de sua fala, pareceu então indagar ao índio sobre alguma coisa, no que este prontamente lhe respondeu. Depois, se dirigiu a mim e falou:

– Este índio aqui sabe onde encontrar as árvores da seringa. Ele também disse que há dois tipos dessas árvores que se espalham pelas matas e beiradas do Solimões. Uma é branca e a outra é preta. A branca fica nas beiradas dos rios. Mas a preta – que ele afirma ser a de melhor qualidade – fica mais dentro da floresta. E disse ainda, que, se arranjarmos um barco grande, nos levará a um seringal de um tal Mourão, onde essas árvores estão sendo plantadas em grande quantidade.

(Continua na próxima terça)