Amigos do Fingidor

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Lábios que beijei 24


Zemaria Pinto
Safira

Irmã de minha primeira mulher, Safira foi o arquétipo das cunhadas que vieram depois. Não sei se Nelson Rodrigues pensou nisso, mas o homem deveria casar com a cunhada, nunca com a esposa. O infeliz só percebe isso quando já está preso pelo emaranhado das duas. O primeiro contato sensual com Safira foi justo no dia do casamento: ela meteu a coxa direita entre minhas coxas, ao abraçar-me – na frente de todos. Não sei se alguém percebeu o gesto infame, mas foi aí que comecei a prestar atenção em Safira, em sua bunda empinada, em seus seios pequenos e rijos e sobretudo naquela boca desmedida. Os lábios de Safira eram indecentes: grossos, vermelhos, salientes, ressaltados do rosto magro. Permanentemente entreabertos, deixavam presumir a língua úmida convidando à luxúria. O nosso caso durou enquanto durou o casamento com Cláudia e acabou pelo mesmo motivo: cansaço. Safira sofria junto com Cláudia. Minha mulher jamais desconfiou – ou então fingiu muito bem. Safira chamegava comigo em público e isso era muito natural: a cunhadinha bem-amada...