Pedro Lucas Lindoso
Brasília completa sessenta anos no próximo dia 21 de abril. A
Academia Brasiliense de Letras, fundada em 30 de novembro de 1968, considera-se
a entidade literária máxima do Distrito Federal.
Em junho de 1986, um grupo de professores de escolas públicas
de Taguatinga, cidade satélite de Brasília, ousaram criar a Academia
Taguatinguense de Letras.
Olhada com desdém pelos imortais membros da Academia
Brasiliense de Letras, o sodalício taguatinguense hoje abriga um Centro
Cultural, uma boa biblioteca, com acervo em braile, e um teatro.
Existem academias de
letras em todos os estados. Seria ótimo se cada município brasileiro tivesse
sua academia. Pelo menos uma. Penso que quanto mais academias, melhor.
As academias são associações de escritores, professores e artistas
que se deleitam com artes, cultura e humanidades em geral. Criam-se associações
para dar suporte de times de futebol a escolas de samba. Não vejo razão para
críticas às associações culturais e literárias.
Todo município do
Brasil deveria ter sua academia de letras. Infelizmente, em muitos não há
sequer uma biblioteca.
Uma das maiores obras da teledramaturgia do Brasil foi “O bem
amado”. Na fantástica novela, Odorico Paraguaçu, prefeito da longínqua
Sucupira, tinha o projeto de inaugurar um cemitério novo na cidade. Mas faltavam
defuntos. Paraguaçu deveria ter fundado a Academia Sucupirense de Letras. Como
diria o próprio Paraguaçu, a obra, ou seja, a academia, “entraria para os anais
e menstruais de Sucupira."
A retórica do prefeito, sua grande marca, era cafona,
grandiloquente e vazia. Quiçá indecente e escatológica. Todavia, ficou
imortalizada na obra do genial e imortal Dias Gomes.
Parece-me que a questão de pertencer a uma academia e ser
imortal é assunto controvertido. Como diria o imortal Odorico Paraguaçu:
– Vamos botar de lado os entretanto e partir logo pros
finalmente, quanto à questão da imortalidade: há controvérsias.