Amigos do Fingidor

terça-feira, 24 de março de 2020

Imortalidade: há controvérsias



Pedro Lucas Lindoso


Brasília completa sessenta anos no próximo dia 21 de abril. A Academia Brasiliense de Letras, fundada em 30 de novembro de 1968, considera-se a entidade literária máxima do Distrito Federal.
Em junho de 1986, um grupo de professores de escolas públicas de Taguatinga, cidade satélite de Brasília, ousaram criar a Academia Taguatinguense de Letras.
Olhada com desdém pelos imortais membros da Academia Brasiliense de Letras, o sodalício taguatinguense hoje abriga um Centro Cultural, uma boa biblioteca, com acervo em braile, e um teatro.
 Existem academias de letras em todos os estados. Seria ótimo se cada município brasileiro tivesse sua academia. Pelo menos uma. Penso que quanto mais academias, melhor.
As academias são associações de escritores, professores e artistas que se deleitam com artes, cultura e humanidades em geral. Criam-se associações para dar suporte de times de futebol a escolas de samba. Não vejo razão para críticas às associações culturais e literárias.
 Todo município do Brasil deveria ter sua academia de letras. Infelizmente, em muitos não há sequer uma biblioteca.
Uma das maiores obras da teledramaturgia do Brasil foi “O bem amado”. Na fantástica novela, Odorico Paraguaçu, prefeito da longínqua Sucupira, tinha o projeto de inaugurar um cemitério novo na cidade. Mas faltavam defuntos. Paraguaçu deveria ter fundado a Academia Sucupirense de Letras. Como diria o próprio Paraguaçu, a obra, ou seja, a academia, “entraria para os anais e menstruais de Sucupira."
A retórica do prefeito, sua grande marca, era cafona, grandiloquente e vazia. Quiçá indecente e escatológica. Todavia, ficou imortalizada na obra do genial e imortal Dias Gomes.
Parece-me que a questão de pertencer a uma academia e ser imortal é assunto controvertido. Como diria o imortal Odorico Paraguaçu:           
– Vamos botar de lado os entretanto e partir logo pros finalmente, quanto à questão da imortalidade: há controvérsias.