Pedro Lucas Lindoso
Conheci Rebeca num lançamento de livros. Uma jovem senhora
professora de Português no Ensino Médio. Muito simpática. Disse-me que havia
lido meu livro de crônicas – Uma amazonense em Copacabana. E que iria
usá-lo em suas aulas de Português. Fiquei extremamente feliz.
Perguntou-me como surgiam as ideias para minhas crônicas.
Sempre me fazem essa pergunta. Disse-lhe que minhas crônicas são geralmente
coisas do cotidiano, de Manaus, de experiências e vivências minhas ou
emprestadas dos amigos e conhecidos.
Conversando com alguém, como estou fazendo agora, pode surgir
a ideia para uma boa crônica. Disse-lhe.
– Posso lhe contar algo que aconteceu esta semana? Talvez
possa fazer uma bela crônica.
Rebeca me disse que uma de suas alunas, que sempre lhe
confidencia coisas, apaixonou-se por um colega da escola.
A menina, que chamaremos de Alice, foi correspondida e
engatou um namoro com Carlos. Alice tem uma “best friend” que chamaremos de
Gina.
Tudo parecia correr bem com o namoro de Alice e Carlos. Ambos
jovens, bonitos, bons alunos e educados. Mas ocorreu algo de inusitado. Gina
contou para Alice que Carlos havia dado uma piscada de olho para ela no pátio
da escola. Alice então terminou o namoro com o rapaz, sem maiores explicações.
Ela estava desolada e veio conversar comigo, relatou a professora.
Rebeca argumentou com Alice que o piscar de olhos poderia ser
simplesmente um cumprimento. Um “oi” que Carlos teria dado para Gina, sabendo
que elas eram amigas. Rebeca argumentou que eles faziam um lindo casal. Um
namoro assim não deveria acabar “num piscar de olhos”, já fazendo trocadilho da
situação.
Alice então resolveu esclarecer a situação com Carlos. E a
professora estava certíssima. A piscadela tinha se resumido a um simples olá.
Carlos garantiu que nunca teve qualquer interesse em Gina. Reataram o namoro. E
como disse Shakespeare, “tudo está bem quando acaba bem”.
Agradeço à professora Rebeca pela conversa. Afinal, as boas
ideias para crônicas surgem sempre assim, de repente, num piscar de olhos.