Pedro Lucas Lindoso
Meu
amigo Chaguinhas está parcialmente quarentenado num sítio, propriedade sua, na
estrada que vai para Presidente Figueiredo. Quando está por lá troca o dia pela
noite. Sempre na companhia de sua paciente e dedicada esposa. Ambos gostam de
um bom vinho. E ouvir música clássica. Chaguinhas é aficionado em óperas.
Descobriu várias na internet. Às vezes vara madrugadas tomando vinho e ouvindo
óperas em sua propriedade rural.
A luz
elétrica do local é restrita à casa. Chaguinhas vai sempre por lá quando é lua
cheia. “O luar que clareia a mata e o igarapé é mágico”, diz ele.
Meu
amigo foi informado de que no dia 25 de maio teria uma Superlua. E que na
madrugada do dia 26 haveria um eclipse lunar combinado com outro fenômeno,
chamado de Lua de Sangue.
Chaguinhas
e eu eventualmente nos comunicamos por WhatsApp. Disse-lhe que meu próximo
livrinho infantil será sobre um eclipse total da Lua, ocorrido num seringal. Se
chamará Acorda Lua. O livrinho trata também da rotina dos seringueiros.
Chaguinhas
comentou que os eclipses não têm graça nos centros urbanos. As luzes da cidade
desvirtuam a luz da Lua e a claridade romântica do luar. Já no campo é
diferente. Um eclipse total atordoa o pessoal do interior. Eu disse a ele que
havia explorado esse tema no meu livrinho. Mas que não daria mais nenhum
“spoiler”.
Pois
bem, na noite do dia 25 recebo uma mensagem dele me dizendo que a lua estava
cheia e linda, com boa visibilidade, apesar de algumas nuvens. Aguardaria o
eclipse por volta de 4h45 da madrugada.
Disse-lhe
que iria pôr o despertador e também contemplar o fenômeno da minha janela. Por sorte dá para o oeste, onde a formosa lua
estará.
Ele
argumentou que não vai ser muito legal porque as luzes da cidade impactam o
luar. E ainda pode ter nuvens. Mas me desejou sorte.
As
quatro e meia da madrugada, sabendo que eu esperava o eclipse, me mandou a
seguinte mensagem:
– A lua
aqui está linda. Há poucas nuvens. Mas o luar está incrível. Está forte e
grande. Está em periélio. Ponto no qual a distância entre a Lua e a Terra é
menor.
Na
última mensagem, provavelmente com a cabeça já cheia de vinho, Chaguinhas me
relata:
– A Lua
sumiu. Roubaram a Lua do céu!