Estamos celebrando Santo Antônio. Minha avó materna, Brigitta Daou, era de Borba. Lá há um santuário em homenagem ao santo e uma grande festa. Neste ano, mais uma vez, prejudicada pela pandemia.
Aprendi
com minha avó a ser amigo de Santo Antônio. Vó Brigitta morava numa enorme
chácara na vila Municipal. Lá havia um quintal bem grande. Cheio de árvores
frutíferas. E à noite, quando não havia luar, ficava bastante escuro.
Histórias
contadas por gente vinda do interior davam conta de um tal Bicho Folharal. E se
esse ser abjeto estivesse escondido lá pelo fundo do quintal?
– Vó,
estou com medo. E vinha sempre a resposta consoladora.
– Reza
para Santo Antônio. É só ficar amigo dele. Protege contra todos os males, erros
e até do Capiroto.
E então
fiquei amigo, desde menino, de Santo Antônio. O santo nascido em Lisboa, mas
que é também de Pádua, onde morou e de Borba, onde é tão querido e celebrado.
Na verdade, é muito popular tanto no Brasil quanto em Portugal.
Dizem
que a festa de Santo Antônio de Borba só não é melhor e mais concorrida que a
de Lisboa.
Aqui em
Manaus havia um português que apesar de ser comerciante bem sucedido, dizia
sempre ser “um pobre diabo”. Ao ser cumprimentado pelas pessoas, invariavelmente,
respondia:
– Estou
indo bem. Como “um pobre diabo”. Acabou sendo conhecido com a alcunha de “pobre
diabo”. E pasmem! Era um fervoroso devoto de Santo Antônio.
O seu
“pobre diabo”, com o intuito de pagar uma promessa ao famoso e querido santo,
resolveu construir uma capela em sua devoção. A capela fica obviamente na Rua
Borba! No bairro da Cachoeirinha, aqui em Manaus. E a igrejinha ficou conhecida
como igreja do pobre diabo. Há uma jaculatória que diz: se milagres procuras,
pede-os a Santo Antônio. Dele fogem desventuras, erros males e o demônio! É
irônico.
Bons
tempos em que eu tinha medo só do bicho folharal. Hoje tenho medo de ataques
cibernéticos, ataques de facções do crime, e principalmente desse vírus
horrível que persiste em levar pessoas amigas e queridas.
Santo
Antônio, intercedei a Deus por nós!