Em
tempos de pandemia, perdemos muitos amigos, conhecidos e parentes. Dia de
finados. A tradição é visitar os túmulos dos entes queridos nos cemitérios. O
historiador Fábio Augusto Carvalho pesquisa nossa história entre os túmulos do
São João Batista. Explica que: “Construir imensos e caros túmulos era uma forma
não só de perpetuar a memória de quem ali estava enterrado, mas mostrar status
social”.
No cemitério Campo da Esperança, em Brasília,
cuja cidade tem concepção socialista, não se permite a construção de mausoléus.
Os túmulos devem obedecer a certa padronização. Mesmo assim, há aqueles
revestidos de mármore, com detalhes em bronze. Há obviamente aqueles sem
revestimentos ou com acabamentos simples. Atualmente, os enterros são feitos em
gramados onde se permite somente uma placa de identificação.
Os
velórios aqui em Manaus normalmente acontecem nas funerárias. Já em Brasília
onde a legislação da Nova Capital proibia esse comércio, os velórios são feitos
nas diversas capelas dentro do Cemitério da Esperança. Durante muitos anos, foi
monopólio de uma fundação pública cuidar dos enterramentos. Hoje, o cemitério
está privatizado. Há funerárias e, conforme o desejo dos familiares, os preços
variam de acordo com os diversos e diferentes gastos.
Penso
que os cemitérios se tornarão somente museus no futuro. Muitas pessoas estão
expressando o desejo de ser cremadas. Os “experts” em meio ambiente recomendam
e propagam a cremação. Para muitos, cemitérios não são ambientalmente saudáveis
para as cidades e seus habitantes. Na Índia, por exemplo, a prática é milenar e
feita a céu aberto.
Independente de como se enterram os nossos
mortos, temos necessidade de mostrar aos outros nossa dor e nosso luto. Durante
a pandemia, os velórios foram proibidos. Para muitos, foi desolador. Hoje está
comum expressar o luto pelas redes sociais, como Facebook. Inclusive usadas
também como meio de dar as condolências. Antigamente, usava-se muito os
telegramas.
As
mulheres quando enlutadas usavam vestidos pretos. Hoje esse costume está extinto.
Algumas usam preto no enterro e nas exéquias. Em Portugal o costume ainda
persiste, principalmente nas aldeias, vilas e pequenas cidades. Um amigo
português me disse que sua tia estava sempre vestida de preto. Primeiro morreu
seu pai. Vestiu preto por um ano. Depois perdeu o irmão. No ano seguinte, ficou
viúva. Quando pensava em tirar o luto, morreu o filho em trágico acidente.
Desgostosa, continuou de luto. Até morrer. Foi enterrada de vestido preto. Luto
eterno.