Pedro Lucas Lindoso
Nesse
mês se comemora o dia do escritor. Escritores vivem procurando inspiração. Como
sempre, estou à procura de uma inspiração. Quero fazer uma carta de amor. Não
quero por e-mail. Nem tampouco uma mensagem de amor por WhatsApp ou Messenger.
Gostaria
de poder enviá-la pelos Correios. De preferência, nos envelopes antigos os
quais tinham uma borda com tracinhos verdes. Indicava que a carta era
proveniente do Brasil mesmo. Se as bordas fossem azuis ou vermelhas, com
certeza era uma carta vinda do exterior.
Nos
envelopes vinha impresso VIA AÉREA, PAR AVION, ou AIR MAIL. Tempos em que as
comunicações viajam somente de avião. Hoje elas viajam virtualmente. E pasmem,
podem ficar arquivadas em nuvens! E para sempre!
Gostaria
de postar usando selos. Hoje também quase não se usa mais selos. Há agências
dos Correios que não disponibilizam selos. Tudo é postado com código de barras
ou carimbos. Mas os filatelistas continuam por aí. Uma amiga brasiliense possui
uma coleção de selos temáticos. Tem uma coleção de selos de plantas e flores.
Há selos de orquídeas, flores do campo, begônias e até de vitórias-régias.
Imaginei
como gostaria de postar a carta de amor. As inspirações para fazê-la foram
muitas. Mas fiquei com medo de ser ridículo. Mas o amor não pode ser ridículo. Inspirar
não pode ser somente inserir ar nos pulmões. Para respirar é preciso inspirar.
Estou
procurando aquela inspiração que nasce no coração e no espírito. Estou
procurando um sentimento amoroso. Um pensamento que possa me guiar, me orientar
a fazer uma carta de amor que não seja banal nem ridícula.
Sugestões
não me faltam. No Google há mais de 2 milhões de resultados para o tema “cartas
de amor”. Somente o Pinterest nos apresenta 660 ideias de cartas de amor. E
ainda há dicas de como escrevê-las. Descartei tudo isso. No mês do escritor
peguei um soneto de Olavo Bilac, a mais alta inspiração em poesia. E o declamei
para a amada:
“Ora
(direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste
o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que,
para ouvi-las, muita vez desperto
E abro
as janelas, pálido de espanto...
E
conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea,
como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as
procuro pelo céu deserto.
Direis
agora: “Tresloucado amigo!
Que
conversas com elas? Que sentido
Tem o
que dizem, quando estão contigo?”
E eu
vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só
quem ama pode ter ouvido
Capaz
de ouvir e de entender estrelas.”
Grande Bilac. Quanta inspiração!