Amigos do Fingidor

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Dos despojos ao coração

Pedro Lucas Lindoso

 

Em 1972, há cinquenta anos, o Brasil comemorou o Sesquicentenário da Independência. Um dos eventos importantes consistiu da entrega, pelo Estado português, dos despojos de D. Pedro I. Naquele mesmo ano foi inaugurado o Monumento do Ipiranga, em São Paulo.

A transladação dos restos mortais de D. Pedro I assinalou o início das comemorações de nosso Sesquicentenário. A urna de D. Pedro chegou ao Rio de Janeiro em abril de 1972. Foi levada em carro blindado até o Monumento dos Pracinhas. Iniciou-se assim, um périplo por todos os Estados brasileiros e o Distrito Federal. A partir do Rio de Janeiro, em 22 de abril daquele ano, e terminando em São Paulo no dia 5 de setembro.

Em Manaus, o esquife veio procedente de Boa Vista, no dia 23 de julho. Partiu para Rio Branco no dia 27 do mesmo mês.  O Cruzeiro, revista semanal que não mais circula há anos, informava que: “Após a entrega do esquife ao Brasil, um salão especial foi preparado na Quinta da Boa Vista”.

Neste ano do Bicentenário o país recebe o coração de D. Pedro I. Chegou em Brasília no dia 22 de agosto e retorna para Portugal no dia 8 de setembro.

Diferente do que aconteceu no Sesquicentenário, quando os restos mortais do Imperador fizeram um tour por todo o Brasil, no Bicentenário o coração ficará exposto no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Poderá ser visto por brasilienses e turistas brasileiros nos fins de semana. Escolas de Brasília poderão agendar visitas.

O coração do imperador foi recebido com todas as honras de Estado em Brasília no dia 22 de agosto. Na terça dia 23, a relíquia foi levada ao Palácio do Planalto. O coração de Pedro I subiu a rampa do Planalto com honras militares e na presença dos Dragões da Independência.

Tia Idalina, que reside há anos no Rio de Janeiro, encontrava-se em Manaus naquele julho de 1972, quando os restos do Imperador visitaram a cidade. Coincidentemente, encontra-se por aqui quando o coração de Pedro I visita o Brasil. E tem sua opinião a respeito desses fatos:

“Acho justa todas as homenagens ao nosso Libertador Pedro I. Afinal ele amava o nosso país. Veio para o Brasil em 1808, com a Família Real. Tinha só 10 anos. Mas, pelo amor de Deus! Nasci aqui em Manaus e moro no Rio de Janeiro. Onde eu morrer, por favor me enterrem. E me deixem em paz. Não quero fazer turismo depois de morta!”