Pedro Lucas Lindoso
Os
homens desde sempre se comunicaram entre si. Notícias, boas ou más, sempre
foram transmitidas de várias maneiras. Os primeiros a utilizar o sinal de
fumaça foram os povos indígenas americanos. Comunicavam-se rapidamente, fazendo
uma pequena fogueira com madeira seca.
Por
muitos anos, as cartas foram o meio mais popular de comunicação. No Brasil,
Pero Vaz de Caminha relatou em carta a “descoberta do Brasil” por Pedro Álvares
Cabral. A carta de Caminha é considerada hoje o mais importante documento a
respeito do Descobrimento.
Meu avô
Daou e dois irmãos emigraram do Líbano para o Brasil no início do século
passado. Sua única irmã seguiu o marido para a longínqua Nova Zelândia. As
cartas entre eles levavam meses para chegar. De Manaus para o Rio de Janeiro.
Do Rio para Londres. Até alcançar o Pacífico Sul, levavam até seis meses.
Cartas
podem causar tragédias. Em Romeu e Julieta Frei Lourenço oferece a Julieta uma
bebida que supostamente parecerá que ela está morta. Manda uma carta a Romeu
informando-o. Mas ele não recebe a mensagem do Frei. O conhecido final é
trágico.
As
cartas, até bem pouco tempo, eram esperadas com ansiedade. Os carteiros já
foram personagens de muita poesia e ficção. A famosa canção “Mr. Postman”, dos
Beatles, possivelmente não seria escrita nos dias de hoje. Namorados, amantes
ou amigos quase não recebem cartas pelos Correios. Hoje tudo é pela internet.
Os
telegramas, muito usados para se transmitir notícias com maior rapidez, estão
em desuso. Mandar um telegrama era o modo usual para expressar condolências.
Hoje, temos o Facebook, Messenger ou e-mails.
Recentemente
uma carta-manifesto foi organizada por ex-alunos da Faculdade de Direito da
USP, intitulada “Carta aos Brasileiros”, em defesa da democracia e das
eleições. Li nos jornais que documento similar foi subscrito pela FIESP –
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e pela FEBRABAN – Federação
Brasileira de Bancos. Aqui em Manaus já houve adesão por parte de algumas autoridades
constituídas.
Na
minha infância e adolescência vi muito filme de bang-bang. Ficava encantado
quando os índios alimentavam as fogueiras com erva úmida e folhagem. Estavam se
preparando para mandar mensagens. Usavam mantas para pontuar os sinais. As colunas
de fumaça, geralmente simples e contínuas, são inesquecíveis e permeiam minha
memória cinematográfica. Geralmente as mensagens eram enviadas do alto de uma
colina ou do vale.
Desejo
que tudo corra bem durante as eleições e que não haja bang-bang por aqui. Mas
vamos ficar atentos. Onde há fumaça...