O mundo coberto de fumaça
Inácio Oliveira
Daqui do pórtico ardente
vejo insanas criaturas
sofrendo sob a canícula;
em voos de fuga inútil,
tristes pássaros confusos
sob um turvo céu de bronze;
vejo um cão que fecha os olhos
retendo a última lágrima
no meio dia da sede.
Cobras, onças e crianças
estão imóveis na espera
que a vida seja possível.
Só as árvores resistem
inventando abrigo, frutos
amargos e compaixão.