Pedro Lucas Lindoso
São
Paulo é a terra da garoa. Fortaleza é conhecida pela gostosa brisa do mar.
Londres tem o famoso “fog” londrino. Um nevoeiro que pode ser considerado uma
instituição inglesa. Como o nosso mormaço e os ventos de Codajás.
Manaus
amanheceu com um nevoeiro estranho e ameaçador. Nossa cidade enfrentou esse
fenômeno insalubre e desagradável. Como se fôssemos Londres às avessas. Se a
canção diz que nosso porto nunca será Liverpool, tampouco nossa metrópole terá
um nevoeiro romântico e palatável como o “fog” londrino. Mesmo porque as
origens são diversas.
O nosso
nevoeiro, diferente do londrino, é consequência das queimadas. O caboclo
amazônida faz isso desde sempre. Nessa época do ano eles queimam os roçados
para prepará-lo para a chegada das chuvas. Mas isso era sempre feito em pequena
escala. Agora há queimadas criminosas. E a floresta está cada dia que passa em
maior perigo.
Quanto
ao nevoeiro de Londres a estória é outra. Ir a Londres e não se deparar com um
nevoeiro é praticamente impossível. O “fog”, como é chamado pelos britânicos,
traz charme para a cidade. Normalmente faz muito frio e raramente neva em
Londres. No inverno e em muitos dias do ano a cidade está envolta a essa tão
conhecida neblina. O “fog” faz parte da vida e da cultura dos londrinos, como o
nosso mormaço.
Entretanto,
em de dezembro de 1952, há 70 anos, um grande nevoeiro cobriu toda Londres. De
início, os cidadãos acreditaram que a névoa seria como as outras tantas que
comumente fazem parte do cotidiano britânico. Porém, ao anoitecer, o ambiente
começou a ficar estranho. O céu ficou amarelado e a cidade toda foi tomada por
um cheiro de ovo podre. Aquela névoa era letal, e começou devido a um desastre
ecológico de poluição que ficou marcado na história britânica.
Devido
aos problemas no pós-guerra, o carvão de melhor qualidade para o aquecimento
havia sido exportado Como resultado, os londrinos usaram o carvão de baixa
qualidade, rico em enxofre. Isso causou o desastre ecológico conhecido como
“The Great Smog”. Muitas pessoas morreram. A fumaça tóxica invadiu até os
ambientes fechados.
Manaus
nunca foi Liverpool, mas já foi a Paris dos trópicos. Estaria agora em triste processo de emulação
a Londres, com seu “Great Smog”. Ou seja, o que ficou na História da Inglaterra
como o “Grande Nevoeiro”. Mas o que aconteceu há 70 anos, não mais se repetiu.
E nós? Quando iremos controlar esse “great smog baré”. Socorro, por favor!
Help, somebody help!