Amigos do Fingidor

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Confissões de amor

Jorge Tufic


A caminho do centésimo de autoria de Gaitano Antonaccio, compõe-se este livro de sonetos e poemas bem ao modo deste versátil autor de uma pródiga série de gêneros literários, que vai do ensaio ao romance, do romance às biografias de celebridades, sem mencionar, aqui, as suas atividades de emérito articulista devotado aos assuntos políticos e econômicos. Poeta de uma incrível fertilidade, é na poesia, contudo, que ele extravasa os sentimentos de seus milhares de leitores, dando a cada fato e circunstância os matizes sensuais e românticos somente comparáveis às sagas recolhidas por Mansour Challita, um outro amante dessa ordem inesgotável de prazeres e sublimações de nosso cotidiano particular.


Cabe-nos, entretanto, alguns momentos de reflexão sobre as palavras de seu prefácio, um tratado, por assim dizer, acerca do amor e da coragem de amar através dos séculos que nos separam dos grandes romances históricos que até hoje nos cativam e impressionam, pois, segundo ele, “Confessar o amor que se sente, confessar o amor que não se sente, confessar o amor que nunca se conquistou, ou o que se conquistou sem merecer, é revelar de certa forma quase todo o caráter, porque o confessante sempre resiste em deixar de completar a sua confissão.”

São motivos eternos do afeto, da paixão e das incompatibilidades congênitas, esse tempero dos dramas e das tragédias clássicas, que o poeta nos reapresenta numa linguagem simples de quem dialoga em segredo, deixando ao coração as batidas que tornam mais claro ou mais escuro o brilho das noites estreladas. Admirável, sob todos os aspectos, a lírica desse poeta amazonense, prestes a se inscrever entre os poucos e raros poetas e escritores dos tempos atuais, onde confessar o amor, segundo ele, “passou a ser uma fraqueza do espírito, uma debilidade da soberba e o ser humano passou a ter vergonha de dizer a alguém esse sentimento tão profundo que enriquece o coração e enche a alma de esperança.”

Como seu amigo e leitor, alegra-me vê-lo sorrir, enquanto sua lista de títulos cresce em número e qualidade.