Antônio Paulo Graça (23/11/1952-09/06/1998).
Os heróis da cultura ocidental têm o destino previamente
traçado, de acordo com o gênero em que estão representados, mas o herói
indígena está condenado a um destino adverso, independentemente do gênero em
que se apresenta.
A poética do genocídio, não pertence a um único escritor, não
é particular e subjetiva, ao contrário, se vem desenvolvendo desde Alencar e,
duplicada ou enriquecida, ecoa em todos os autores aqui estudados, à exceção de
Mário de Andrade.
Apenas Macunaíma sai ileso do confronto com nosso inconsciente
e nossos fantasmas genocidas.
Não se exterminam, por séculos, nações, povos e culturas sem
que, de alguma maneira, haja uma instância do imaginário que tolere o crime.
O tema último do romance indianista é o genocídio, o
extermínio total. Cada herói é, no interior desse quadro teórico, abstrato,
imaginário, de fato, o último herói indígena.
Todo romance indianista é uma metáfora do genocídio. Mesmo
quando expõe gritantemente a pureza e a nobreza, como em Alencar, por exemplo,
o que se diz por sob as palavras é: um ser puro como este não merece ser
extinto – mas será.
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