Amigos do Fingidor

sábado, 8 de junho de 2013

15 anos sem Antônio Paulo Graça



Antônio Paulo Graça (23/11/1952-09/06/1998).



Os heróis da cultura ocidental têm o destino previamente traçado, de acordo com o gênero em que estão representados, mas o herói indígena está condenado a um destino adverso, independentemente do gênero em que se apresenta.



A poética do genocídio, não pertence a um único escritor, não é particular e subjetiva, ao contrário, se vem desenvolvendo desde Alencar e, duplicada ou enriquecida, ecoa em todos os autores aqui estudados, à exceção de Mário de Andrade.



Apenas Macunaíma sai ileso do confronto com nosso inconsciente e nossos fantasmas genocidas.



Não se exterminam, por séculos, nações, povos e culturas sem que, de alguma maneira, haja uma instância do imaginário que tolere o crime.
 

O tema último do romance indianista é o genocídio, o extermínio total. Cada herói é, no interior desse quadro teórico, abstrato, imaginário, de fato, o último herói indígena.



Todo romance indianista é uma metáfora do genocídio. Mesmo quando expõe gritantemente a pureza e a nobreza, como em Alencar, por exemplo, o que se diz por sob as palavras é: um ser puro como este não merece ser extinto – mas será.

 

As frases acima foram tiradas deste livro: Uma poética do genocídio (Topbooks: 1998),
tese de doutorado de Antônio Paulo Graça, que não chegou a vê-lo pronto.