Amigos do Fingidor

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Parente, estamos num beco sem saída



David Almeida


Em que lugar vamos parar, “parentada” com esse ritual de violência generalizada? Todo dia ao ler um jornal, ligar uma televisão, rádio, ou ter contato com qualquer meio de comunicação, a violência está estampada de todas as formas em todos os segmentos da sociedade, fomentada pela miséria, espelhada e espalhada pela má distribuição de renda, causando a famigerada desigualdade social, distanciando cada vez mais o cidadão de sua cidadania, e a perda total da sua identidade.
Os políticos, nossos representantes “legais” – quase sem exceção –, continuam com o mesmo discurso: que vai tudo bem; o novo projeto de segurança está dando certo; mais escolas foram construídas; hospitais funcionando a todo vapor; o interior está mais assistido do que antes, é papo para convencer, emocionar o mais duro coração de pedra. Mas, na realidade continua tudo como era antes. As coisas vão se acumulando, só mudando de embalagem, para enganar os “eleitrouxas”, que tem as bênçãos do “Deus” do candidato “Fulano de Tal”. Estamos acuados, Parente!   
O que temos que fazer é acordar, olhar em nossa volta para ter a consciência do que somos e representamos pra eles, porque nós os elegemos como nossos fiéis representantes. Não precisamos estar cercados por tudo o quanto é amargo e negro da vida, neste Planeta ainda Azul. Porque ainda há esperança de mudarmos tudo a partir de nós mesmos, para não sermos enganados mais.
Só eles têm o direito de viver bem neste País, são os acumuladores de riquezas, que inescrupulosamente, subtraem dos cofres públicos. Tendo em seu “Deus” a fortaleza maior, estão imunes a qualquer atropelo e constroem os seus Paraísos aqui mesmo, Parente!
O impressionante é que, quanto mais suas fortunas crescem, mais seu “Deus” os protegem, e, o povo, mais empobrecido se agiganta na sua fé; se agarra, se amarra, seguindo, se alongando nas procissões, nas caminhadas sob orações, trôpego, entorpecido, à espera de um milagre, por menor que seja, para amenizar seu sofrimento. Estamos encurralados, Parente!
– Parente, eu sei, estamos num beco sem saída.
– Estamos sim, Parente, e só existe uma saída: pra cima.
– Mas, Parente, como vamos sair por cima, se não temos asas?
– Aí é que está, Parente... Quem sabe com muita reza, num acontece um milagrezinho e a gente cria asas? Afinal de contas, dizem que Deus é brasileiro...
– É mesmo, Parente... Olha, formiga que é formiga, que nem sabe rezar, cria asas, imagine a gente.
– Mas, Parente, a gente de asas vai ficar que nem duas borboletas, num é? A nossa situação é difícil; se correr, o bicho pega, e se ficar, o bicho come. Acho melhor esperar o bicho, e esquecer esse negócio de asas, né?
– É, vamos torcer, Parente, quem sabe aquele balão que trouxe uma vez o boi Garantido pra dentro da arena num aparece e tira a gente dessa enrascada. Eu sou Garantido, e tu?
– Sou Caprichoso, Parente, mas eu acho que nessa condição vou virar a casaca.

Portanto, “parentada”, vamos virar a casaca, a mesa, a urna, o que for preciso: sem medo, porque a força está nas nossas mãos. Só assim poderemos vislumbrar um futuro melhor para o beco sem saída.