Zemaria Pinto
Peta
Pouco menos de 20
anos, Peta parecia uma bailarina em permanente performance, denunciando sua
indecisão entre permanecer menina ou se tornar mulher. Recém-casado, eu não me
interessei, até porque havia uma relação de gerente-empregada, que eu não podia
transgredir. Mas não resisti por muito tempo. Meiga, doce, carinhosa, Peta foi
se impondo lentamente, até que me vi totalmente envolvido, apaixonado. Filha
única, seus pais viajaram por motivos que não guardei, deixando-a sozinha. Nos
encontrávamos em sua casa, e fazíamos amor em seu próprio quarto. Durante três
semanas aquela foi a rotina, e não apenas nos dias úteis. A menina virava
mulher e assimilava as lições do jovem fauno. Quando seus pais voltaram,
ficaram sabendo de seu envolvimento comigo. Primeira providência: quais são
suas intenções etc. Segunda providência: era preciso abafar o escândalo.
Cláudia estava na primeira gravidez e eu já não estava mais assim tão
apaixonado por Peta. Foi feita a manobra clássica: ela foi mandada para o Rio
de Janeiro, junto com a mãe, sob a desculpa de estudar, enquanto o pai esperava
a própria transferência. Nunca mais a encontrei. Melhor assim: ficou-me apenas
sua alegria, a meiguice e a doçura de sua juventude. Terá sido feliz?