Amigos do Fingidor

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Lábios que beijei 30


Zemaria Pinto

Peta


Pouco menos de 20 anos, Peta parecia uma bailarina em permanente performance, denunciando sua indecisão entre permanecer menina ou se tornar mulher. Recém-casado, eu não me interessei, até porque havia uma relação de gerente-empregada, que eu não podia transgredir. Mas não resisti por muito tempo. Meiga, doce, carinhosa, Peta foi se impondo lentamente, até que me vi totalmente envolvido, apaixonado. Filha única, seus pais viajaram por motivos que não guardei, deixando-a sozinha. Nos encontrávamos em sua casa, e fazíamos amor em seu próprio quarto. Durante três semanas aquela foi a rotina, e não apenas nos dias úteis. A menina virava mulher e assimilava as lições do jovem fauno. Quando seus pais voltaram, ficaram sabendo de seu envolvimento comigo. Primeira providência: quais são suas intenções etc. Segunda providência: era preciso abafar o escândalo. Cláudia estava na primeira gravidez e eu já não estava mais assim tão apaixonado por Peta. Foi feita a manobra clássica: ela foi mandada para o Rio de Janeiro, junto com a mãe, sob a desculpa de estudar, enquanto o pai esperava a própria transferência. Nunca mais a encontrei. Melhor assim: ficou-me apenas sua alegria, a meiguice e a doçura de sua juventude. Terá sido feliz?