Amigos do Fingidor

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Lábios que beijei 38


 Zemaria Pinto
Neuzinha


Neuzinha era miúda, magra, sem encantos. Mas tinha apenas 16 anos. Era filha de uma colega de trabalho e estudava em um colégio do Centro, o que a tornava parte da humana paisagem cotidiana. Um dia, aproximou-se de mim e chamou-me pelo meu nome – e não tio, como me acostumara. Disse que queria ajuda em alguma matéria que a mãe não dominava. Marcamos no sábado, em um hotel discreto. Eu chegaria antes, preparando o ambiente. Nua, Neuzinha era um encanto. Especialmente, porque só tinha 16 anos. Seios salientes, bunda abaulada, lábios fartos, Neuzinha aprendia rápido. Meu caso com Neuzinha foi um flerte com a tragédia. Impossível evitar a publicidade na província. Escândalos doméstico e funcional. Inquérito administrativo. Ameaças de morte. Tudo porque ela só tinha 16 anos. A última vez que a vi foi em Brasília. Ela fora admitida no banco e estava noiva de um barnabé do senado. Fizemos uma festinha de despedida no Hotel Nacional, recém-inaugurado, relembrando os velhos tempos. Estava mais bonita: plena de carnes, os seios abaulados, a bunda farta, os lábios salientes. Mas já contava 22 anos.