Amigos do Fingidor

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Aprendendo a nadar


Pedro Lucas Lindoso

Minha netinha Maria Luisa, a bebezinha mais preciosa do mundo, adora piscina. Já foi fotografada tomando banho de igarapé. Tem maiô de princesa, livrinhos de estória à prova d’água, um famoso patinho amarelo e outros bichinhos aquáticos. Deve ir brevemente para aulas de natação. 
Maria Luisa ganhou de sua tia avó Anne uma sofisticadíssima bóia americana. A boia abre-se automaticamente. Possui fator de proteção solar. Maria Luisa flutua com toda a segurança e fica diretamente em contato com a água. Comprada na Califórnia, a bóia parece mesmo coisa de cinema.
Quando eu era menino as boias eram enormes câmaras de pneus de cor preta e faziam a alegria da garotada nos banhos de antigamente. Havia o Guanabara, o Bosque Clube, o Bancrévea, além dos banhos particulares dos amigos de meu pai. Tomava-se banho em igarapés de águas límpidas, como os de Presidente Figueiredo. A única piscina de que me lembro era a do parque aquático do Rio Negro Clube.
Meu amigo Clemente Gomes, criado na Cachoeirinha, aprendeu a nadar no Igarapé da Pancada. Havia a Serraria Moraes. Enormes toras de madeira flutuavam no igarapé. Aprendia-se a nadar no meio das toras. Rolando, mergulhando, equilibrando-se entre as madeiras. Até ficar hábil o suficiente para se jogar do alto da Ponte de Ferro. A famosa ponte metálica Benjamim Constant, construída pelos ingleses. Precisava ser corajoso. Os que fugiam eram sapecados e melados de barro. Clemente conta que havia um rapaz chamado Morcego. Pulava lindo. Do lugar mais alto. Bem de cima da bola da ponte. Era preciso garantir a segurança do morcego. Alguém sinalizava avisando que não vinha barco. Os pulos do morcego da ponte de ferro são inesquecíveis para uma geração de curumins da Cachoeirinha e adjacências.
Como minha netinha Maria Luisa, eu adoro tomar banho de piscina. Mais ainda de igarapé. Praia então nem se fala. Pode ser de rio ou no mar.
Não fiz aula de natação. Como meu amigo Clemente, aprendi a nadar nos banhos. Nos deliciosos igarapés de Manaus de antigamente. Equilibrando-me nas boias pretas de pneu e eventualmente levando “caldos” de meus irmãos mais velhos.  Era muito gostoso ir aos banhos nos domingos. Era onde se aprendia a nadar.