Pedro Lucas Lindoso
Sou um homem do século passado
e contemplo esses jovens nascidos ou que se tornaram adolescentes no novo
milênio com admiração e respeito.
Admiração, porque vejo que
eles já nascem conectados e familiarizados com a mais sofisticada high tech. E fazem uso dessas novas
tecnologias com a mesma acuidade com que minha geração abria um estojo de lápis
e canetas esferográficas para fazer provas em papel almaço.
Respeito, porque não posso
prescindir de seus conhecimentos dessas tecnologias para sobreviver. Inclusive,
profissionalmente. Os advogados hoje só podem fazer seus protocolos judiciais
eletronicamente. Ou virtualmente, como se diz. E mesmo após treinamentos e
cursos de peticionamento eletrônico, o sistema precisa de manutenção. Há ajustes
a serem feitos eventualmente nos computadores dos usuários.
Quando menino, a coisa mais
moderna que tinha em nossa sala de visitas era uma eletrola, que comportava
vários LPs a serem tocados sucessivamente. Para quem não sabe, LP ou long play
são esses discos de vinil de cor preta que ainda circulam por aí, entre
saudosistas e colecionadores.
Vi, admirado, a chegada e a
grande utilização do FAX, hoje objeto considerado do tempo dos Flintstones.
Uma celebridade dizia outro
dia na TV que no início de carreira dava muitos autógrafos. Hoje só querem
“selfies”. E haja fotos! E por falar em TVs, as de antigamente ficavam
desajustadas ou sem sintonia na horizontal e na vertical. Usava-se até Bombril
para sintonizar melhor! Sintoniza aí a TV, menino! Ouvi muito isso. Para os que
não sabem o que é sintonizar, trata-se de ajustar a frequência de ressonância
da TV ou do rádio ao comprimento da onda transmitida pela estação emissora.
Tive que aprender isso em Física para poder passar no Vestibular, outra coisa
que parece não existir mais.
Quando me casei, há mais de
trinta anos, um dos presentes mais bem recebidos foi uma secretária
eletrônica, comprada na Zona Franca de Manaus.
Um sobrinho adolescente e
nascido já no século 21 estava curioso em saber o que era uma secretária
eletrônica. E eu lhe disse:
– Era um gravador metido a
besta, que atendia as ligações de telefone fixo. Não havia celular! Coisas do
século passado!