Amigos do Fingidor

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Relações virtuais



Pedro Lucas Lindoso

As relações humanas se apresentam de formas diversas. Há relações de parentesco, relações de amizade, relações sexuais, relações de família, relações de trabalho – e por aí vai.
Mas hoje em dia nos chama a atenção o relacionamento virtual. Não só o relacionamento via as chamadas “redes sociais”. Mas também há relacionamentos virtuais outrora inimagináveis. Há pessoas se relacionando até sexualmente por meios virtuais. Sem mencionar relacionamentos bancários e os de comércio em geral. Há os familiares e entre amigos e conhecidos. O mundo virtual veio para mudar comportamentos, hábitos e relações trabalhistas.
Meu amigo Chaguinhas é consultor de uma empresa no Distrito Industrial. Há um grupo de colaboradores que trabalha em casa. Colegas de trabalho que só se conhecem virtualmente. E pasmem! São recomendados para não se relacionar socialmente. Evitar trocas de e-mails não corporativos. Não devem usar redes sociais entre si.
Os serviços a esses colaboradores são demandados por um “software” que a empresa chama de SOSERV.
Pelo SOSERV os gerentes solicitam demandas administrativas, tais como tabelas, pagamentos, fichas funcionais diversas e outras rotinas administrativas. Não há nenhum contato dos gerentes e dos empregados graduados com esses colaboradores. Consequentemente, diminui a possibilidade de conflitos, fofocas e qualquer tipo de assédio, moral ou sexual.
Há outro grupo que dá suporte de informática aos demais empregados. Atendem por um “call center” interno. São daqui de Manaus, mas atendem às filiais da empresa que ficam em cinco outras cidades do Brasil. Só podem interagir com o usuário dizendo o nome e perguntando qual o problema do micro. Não podem informar nem que falam de Manaus.
Os contatos virtuais, exceto os contatos de relações virtuais trabalhistas, aplacam uma necessidade natural das pessoas em conhecer outras.
Muitos navegam na net para estudar, brincar, para fazer descobertas, ou mesmo iniciar uma amizade sem compromisso. Mas, segundo o Chaguinhas, o pessoal do SOSERV e do “call center” só pode fazer isso nas horas de folga. Se não, perdem o emprego!
Segundo uma moça que trabalha assim, nas horas de folga só quer viver relacionamentos reais. Disse estar cansada das telas, do celular, da TV, do computador. Até da tela do cinema está exaurida. E fala:
 – Na minha folga, só quero coisas reais, nada em tela! Nada virtual!