Amigos do Fingidor

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Leitura dramática: Vejo um vulto na janela, me acudam que sou donzela




A Cia de Teatro Vitória Régia vem apresentando, sempre às quintas-feiras, o ciclo Teatro e Resistência – leituras dramáticas.

Com excelente repercussão junto ao público, já foram feitas as leituras de Abajur Lilás, de Plínio Marcos; Patética, de João Ribeiro Chaves Neto; Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri; e Campeões do mundo, de Dias Gomes. Peças que, sem perder a condição de arte, retratam com muita propriedade a vida brasileira nos (mal)ditos anos de chumbo.

A mostra visa colocar em discussão a situação do teatro e do Brasil, nas décadas de 1960 e 1970, dominadas pela repressão imposta pela ditadura militar e pelas milícias “anticomunistas”, muito parecidas com as milícias assassinas em ação hoje, com o apoio de gente insuspeita.

Escolhemos a ARTE e, mais especificamente, o TEATRO para resistir, esclarecer e denunciar.

Para isso, o grupo selecionou textos representativos, que expõem as entranhas do fascismo: a repressão aos movimentos populares, a censura, a prisão arbitrária, o exílio, a tortura, o assassinato.

Nesta quinta-feira, 14 de fevereiro, sob a direção de Nonato Tavares, será feita a leitura de Vejo um vulto na janela, me acudam que sou donzela, de Leilah Assumpção.

Sob a máscara enganosa da comédia de costumes, Leilah descreve a vida da mulher urbana brasileira, nos dias que antecederam o golpe de 1964: num pensionato de moças em plena avenida Paulista, oito mulheres de idade, formação e condição social diferentes – de quatrocentonas a migrantes nordestinas – vivem suas tragédias pessoais, refletindo as tensões que o país experimentava.

Escrita em 1964, quando a autora contava apenas 21 anos, foi imediatamente proibida pela censura, sendo liberada apenas 14 anos depois, quando Leilah Assumpção já era uma das mais festejadas dramaturgas brasileiras.

Para a crítica de teatro Carmelinda Guimarães, aquela primeira peça “já traz dentro de si o germe de todas outras que viriam depois”.

Leilah Assumpção é autora de Fala baixo, senão eu grito, Jorginho, o machão, Adorável desgraçada e Intimidade indecente, entre dezenas de outros títulos que colocam sempre a condição feminina no centro das discussões, o que lhe rende a condição de autor brasileiro mais encenado no exterior.

Serviço:
Evento: Teatro e Resistência – leitura dramática de Vejo um vulto na janela, me acudam que sou donzela, de Leilah Assumpção
Finalidade: mostra de peças de autores censurados, como Márcio Souza, Oduvaldo Vianna Filho e outros
Quando: dia 14 de fevereiro, às 19h
Onde: SINTTEL – Alexandre Amorim, 392, Aparecida
Recomendado para maiores de 16 anos.
Entrada franca.