Pedro Lucas Lindoso
Alguns jovens de hoje não sabem o que é uma fita cassete. O
cassete era constituído de dois carretéis e uma fita magnética alojados em uma
caixinha de plástico. De fácil manuseio, o que permitia que a fita fosse
colocada ou retirada em qualquer ponto da gravação sem a necessidade de ser
rebobinada.
A fita cassete possibilitou a gravação e reprodução de
músicas por gravadores de áudio portáteis. Os jovens da época produziam as suas
fitas, gravando músicas selecionadas especialmente para os amigos e principalmente
para as namoradas.
Hoje existe o Spotify, que é o serviço de streaming de música mais popular e usado
no mundo. Saudosismos a parte, não é a mesma coisa. Legal mesmo era gravar
fitas cassete. Uma coisa é baixar músicas pelo Spotify e assim ter suas playlists favoritas. Outra coisa é ter o
trabalho de fazer e gravar sua própria playlist,
como nos anos setenta. Grava-se música por música. Escolhendo-as
cuidadosamente. Regravando-as. Pedindo discos emprestados, comprando outros,
quando a grana dava. Usar o Spotify,
definitivamente, não é a mesma curtição que gravar uma fita cassete.
Colocar um fone de ouvido no celular e sair por aí curtindo
músicas no Spotify jamais será a mesma curtição de quem usou e sabe o que é um walkman.
A invenção do walkman,
no final dos anos setenta foi uma revolução. O walkman era um reprodutor de cassete supercompacto e de bolso, com
possantes fones de ouvido. Foi inventado pela Sony e tornou-se objeto de desejo
de toda uma geração.
O meu primeiro e único walkman
foi comprado numa viagem aos Estados Unidos. Curti muito a geringonça. Foi
furtado dentro de uma sala de aula da UnB. Mas como já tinha meu carrinho,
curtia minhas fitas cassetes no gravador instalado no meu fusca. Era preciso
retirar o gravador toda vez que se estacionava. Senão roubavam.
Os tempos mudam, a tecnologia avança. Mas sempre tem os
amigos do alheio, que furtam as coisas dos outros sem dó nem piedade.
Gravadores de carro e walkmans
eram furtados como se furta celular hoje em dia.
Mas como diz o poeta, meu tempo é hoje. Vou ali curtir minha
nova playlist no Spotify, com cuidado
para não levarem meu novo celular.