Amigos do Fingidor

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

“Papa Highirte”, de Vianinha, encerra ciclo de leituras dramáticas Teatro e Resistência




O ciclo Teatro e Resistência – leituras dramáticas, promovido pela Cia Vitória Régia, chega à sua edição final nesta quinta-feira, com a leitura da peça de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, Papa Highirte.

Com excelente repercussão junto ao público, foram feitas as leituras de Abajur Lilás, de Plínio Marcos; Patética, de João Ribeiro Chaves Neto; Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri; Campeões do mundo, de Dias Gomes; Vejo um vulto na janela, me acudam que eu sou donzela, de Leilah Assumpção; e Zona Franca, meu amor ou Tem piranha no pirarucu, de Márcio Souza. Seis peças que, sem perder a condição de arte, retratam com muita propriedade a vida brasileira nos (mal)ditos anos de chumbo.

A mostra teve como objetivo colocar em discussão a situação do teatro e do Brasil, nas décadas de 1960 e 1970, dominadas pela repressão imposta pela ditadura militar e pelas milícias “anticomunistas”, muito parecidas com as milícias assassinas em ação hoje, com o apoio de gente acima de qualquer suspeita.

A Cia Vitória Régia escolheu a ARTE e o TEATRO para esclarecer o passado e denunciar as semelhanças com o presente, resistindo.

Os textos escolhidos botam o dedo em diversas feridas: a repressão aos movimentos populares, a censura, a prisão arbitrária, o exílio, a tortura, o assassinato.

A peça desta quinta-feira, 28 de fevereiro, sob a direção de Nonato Tavares – Papa Highirte, de Vianinha – mostra um típico ditador sul-americano, que, no exílio, amarga o abandono de todos. Escrita em 1968, só pôde ser encenada quando os ventos da “abertura” sopraram, 11 anos depois.

Highirte é um ser desprezível, cercado de seres desprezíveis. Vianinha opta pelo simbolismo, construindo personagens que representam parcelas do continente (e do Brasil) nos anos 30 a 60, mas que se mantêm ainda muito atuais: generais golpistas, torturadores não-oficiais, um delator arrependido, um representante do “big brother” do norte, oferecendo “ajuda humanitária”... 

Ator e diretor, Vianinha escreveu “Chapetuba Futebol Clube”, “Allegro desbum” e “A mão na luva”, além ter sido o criador, juntamente com Armando Costa, do humorístico “A grande família”, em 1972. Morreu em 1974, aos 38 anos, logo após concluir sua obra-prima “Rasga Coração”.

Serviço:
Evento: Teatro e Resistência – leitura dramática de Papa Highirte, de Oduvaldo Vianna Filho
Finalidade: mostra de peças de autores censurados
Quando: dia 28 de fevereiro, às 19h
Onde: SINTTEL – Alexandre Amorim, 392, Aparecida
Recomendado para maiores de 16 anos
Entrada franca