O ciclo
Teatro e Resistência – leituras
dramáticas, promovido pela Cia Vitória Régia, chega à sua edição final
nesta quinta-feira, com a leitura da peça de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha,
Papa Highirte.
Com
excelente repercussão junto ao público, foram feitas as leituras de Abajur Lilás, de Plínio Marcos; Patética, de João Ribeiro Chaves Neto; Eles não usam black-tie, de
Gianfrancesco Guarnieri; Campeões do
mundo, de Dias Gomes; Vejo um vulto
na janela, me acudam que eu sou donzela, de Leilah Assumpção; e Zona Franca, meu amor ou Tem piranha no pirarucu, de Márcio
Souza. Seis peças que, sem perder a condição de arte, retratam com muita
propriedade a vida brasileira nos (mal)ditos anos de chumbo.
A
mostra teve como objetivo colocar em discussão a situação do teatro e do
Brasil, nas décadas de 1960 e 1970, dominadas pela repressão imposta pela
ditadura militar e pelas milícias “anticomunistas”, muito parecidas com as
milícias assassinas em ação hoje, com o apoio de gente acima de qualquer
suspeita.
A Cia
Vitória Régia escolheu a ARTE e o TEATRO para esclarecer o passado e denunciar
as semelhanças com o presente, resistindo.
Os
textos escolhidos botam o dedo em diversas feridas: a repressão aos movimentos
populares, a censura, a prisão arbitrária, o exílio, a tortura, o assassinato.
A peça
desta quinta-feira, 28 de fevereiro, sob a direção de Nonato Tavares – Papa Highirte, de Vianinha – mostra um
típico ditador sul-americano, que, no exílio, amarga o abandono de todos.
Escrita em 1968, só pôde ser encenada quando os ventos da “abertura” sopraram,
11 anos depois.
Highirte
é um ser desprezível, cercado de seres desprezíveis. Vianinha opta pelo
simbolismo, construindo personagens que representam parcelas do continente (e
do Brasil) nos anos 30 a 60, mas que se mantêm ainda muito atuais: generais
golpistas, torturadores não-oficiais, um delator arrependido, um representante
do “big brother” do norte, oferecendo “ajuda humanitária”...
Ator e
diretor, Vianinha escreveu “Chapetuba Futebol Clube”, “Allegro desbum” e “A mão
na luva”, além ter sido o criador, juntamente com Armando Costa, do humorístico
“A grande família”, em 1972. Morreu em 1974, aos 38 anos, logo após concluir
sua obra-prima “Rasga Coração”.
Serviço:
Evento: Teatro e
Resistência – leitura dramática de Papa
Highirte, de Oduvaldo Vianna Filho
Finalidade: mostra de
peças de autores censurados
Quando: dia 28 de fevereiro,
às 19h
Onde: SINTTEL – Alexandre
Amorim, 392, Aparecida
Recomendado para maiores
de 16 anos
Entrada franca