Amigos do Fingidor

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Zona Franca, meu amor - leitura dramárica





A Cia de Teatro Vitória Régia segue apresentando, sempre às quintas-feiras, o ciclo Teatro e Resistência – leituras dramáticas.

Com excelente repercussão junto ao público, já foram feitas as leituras de Abajur Lilás, de Plínio Marcos; Patética, de João Ribeiro Chaves Neto; Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri; Campeões do mundo, de Dias Gomes; e Vejo um vulto na janela, me acudam que eu sou donzela, de Leilah Assumpção. Peças que, sem perder a condição de arte, retratam com muita propriedade a vida brasileira nos (mal)ditos anos de chumbo.

A mostra visa colocar em discussão a situação do teatro e do Brasil, nas décadas de 1960 e 1970, dominadas pela repressão imposta pela ditadura militar e pelas milícias “anticomunistas”, muito parecidas com as milícias assassinas em ação hoje, com o apoio de gente acima de qualquer suspeita.

Escolhemos a ARTE e, mais especificamente, o TEATRO para resistir, esclarecer e denunciar.

Para isso, o grupo selecionou textos representativos, que expõem as entranhas do fascismo: a repressão aos movimentos populares, a censura, a prisão arbitrária, o exílio, a tortura, o assassinato.

Nesta quinta-feira, 21 de fevereiro, sob a direção de Nonato Tavares, será feita a leitura de Zona Franca, meu amor ou Tem piranha no Pirarucu, de Márcio Souza, um painel risonho e franco da Manaus pós-moderna; ou seja, pós-borracha.

Encenada em 1978, trata-se de uma revista alegórica, que zomba do modelo econômico legado pela ditadura instaurada em 1964, para concluir, melancolicamente: “Porto de Lenha, tu nunca serás Liverpool...”.

Dono de um humor corrosivo e anárquico, há 40 anos Márcio Souza já antecipava a falência do modelo econômico imposto a fórceps pelos militares, cujo primoroso lema era “integrar para não entregar”. Nunca se entregou tanto...

Autor de Folias do látex, A resistível ascensão do Boto Tucuxi e A paixão de Ajuricaba, entre outros títulos, o consagrado romancista de Galvez, o imperador do Acre e Mad Maria é o nome de maior destaque do teatro feito no Amazonas.     

Serviço:
Evento: Teatro e Resistência – leitura dramática de Zona Franca, meu amor ou Tem piranha no pirarucu, de Márcio Souza
Finalidade: mostra de peças de autores censurados, como Oduvaldo Vianna Filho, Plínio Marcos, Gianfrancesco Guarnieri e outros
Quando: dia 21 de fevereiro, às 19h
Onde: SINTTEL – Alexandre Amorim, 392, Aparecida
Recomendado para maiores de 16 anos.
Entrada franca.