A Cia de Teatro Vitória
Régia segue apresentando, sempre às quintas-feiras, o ciclo Teatro e Resistência – leituras dramáticas.
Com excelente repercussão
junto ao público, já foram feitas as leituras de Abajur Lilás, de Plínio Marcos; Patética,
de João Ribeiro Chaves Neto; Eles não
usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri; Campeões do mundo, de Dias Gomes; e Vejo um vulto na janela, me acudam que eu sou donzela, de Leilah
Assumpção. Peças que, sem perder a condição de arte, retratam com muita
propriedade a vida brasileira nos (mal)ditos anos de chumbo.
A mostra visa colocar em
discussão a situação do teatro e do Brasil, nas décadas de 1960 e 1970,
dominadas pela repressão imposta pela ditadura militar e pelas milícias
“anticomunistas”, muito parecidas com as milícias assassinas em ação hoje, com
o apoio de gente acima de qualquer suspeita.
Escolhemos a ARTE e, mais
especificamente, o TEATRO para resistir, esclarecer e denunciar.
Para isso, o grupo
selecionou textos representativos, que expõem as entranhas do fascismo: a
repressão aos movimentos populares, a censura, a prisão arbitrária, o exílio, a
tortura, o assassinato.
Nesta quinta-feira, 21 de
fevereiro, sob a direção de Nonato Tavares, será feita a leitura de Zona Franca, meu amor ou Tem piranha no Pirarucu, de Márcio
Souza, um painel risonho e franco da Manaus pós-moderna; ou seja, pós-borracha.
Encenada em 1978, trata-se de uma revista alegórica, que zomba
do modelo econômico
legado pela
ditadura instaurada em
1964, para concluir ,
melancolicamente: “Porto de Lenha ,
tu nunca
serás Liverpool...”.
Dono de um humor corrosivo
e anárquico, há 40 anos Márcio Souza já antecipava a falência do modelo
econômico imposto a fórceps pelos militares, cujo primoroso lema era “integrar
para não entregar”. Nunca se entregou tanto...
Autor de Folias do látex, A resistível ascensão do Boto Tucuxi e A paixão de Ajuricaba, entre outros títulos, o consagrado
romancista de Galvez, o imperador do Acre
e Mad Maria é o nome de maior
destaque do teatro feito no Amazonas.
Serviço:
Evento: Teatro e Resistência
– leitura dramática de Zona Franca, meu
amor ou Tem piranha no pirarucu,
de Márcio Souza
Finalidade: mostra de
peças de autores censurados, como Oduvaldo Vianna Filho, Plínio Marcos,
Gianfrancesco Guarnieri e outros
Quando: dia 21 de
fevereiro, às 19h
Onde: SINTTEL – Alexandre
Amorim, 392, Aparecida
Recomendado para maiores
de 16 anos.
Entrada franca.