Pedro Lucas Lindoso
Estava num encontro social nas vésperas da decretação do
isolamento em face da pandemia. Já se tinha notícia da existência de um
terrível vírus. Havia médicos no evento.
De repente, espirrei! Por precaução, geralmente porto um
lenço. Foi a minha sorte. Então me justifiquei:
– Não se trata de vírus. Sempre que exagero um pouco nas
refeições, e a bacalhoada estava uma delícia, eu eventualmente espirro. Não sei
o porquê. Um dos convivas, um jovem médico, me explicou:
– Você comeu mais do que devia. O estômago cheio forçou o
diafragma e então você espirrou. Os mecanismos do espirro têm como resposta a
contração do tórax e abdome. Está desculpado.
Outro médico presente complementou a explicação:
– O espirro é uma reação involuntária de nosso organismo à
presença de partículas ou micróbios que causam irritação. Quando se trata de
poeira ou contração do diafragma, tudo bem. Mas quando se trata de presença de
vírus e bactérias?
Sou de uma família em que há muitos advogados,
administradores e psicólogos. Mas há poucos médicos. Jamais pensei que os
mecanismos do espirro pudessem ser assunto de uma reunião social.
Em época de coronavírus o espirro se tornou algo extremamente
condenável. Acho até que mais constrangedor que um pum!
Como é um mecanismo de defesa de nosso organismo, o espirro
consiste na expulsão brusca e rápida de ar e gotículas pelo nariz e boca. Daí a
importância de se utilizar máscaras durante essa terrível pandemia.
Perguntei a um amigo médico, como se pode evitar o espirro.
Explicou-me que, caso a gente se sinta constrangido em espirrar, pode-se
apertar o nariz e impedir o espirro. Mas me disse para ter cuidado. Não é
indicado evitar o espirro. Pasmem! Um simples espirro tem a velocidade de 160
km/h. E então a pressão provocada quando se aperta o nariz para evitá-lo pode
ser perigosa. Perguntei-lhe, como assim?
– Pode ocorrer a ruptura dos tímpanos!
Fiquei preocupado. Li recentemente que o famoso “saúde”, dito
quando alguém espirra, vem da antiga crença de que o espirro era sinônimo de
mau presságio, relacionado a doenças graves.
Em época de pandemia por vírus, espirrar virou um grande
constrangimento.
Atchim! Cuidado!