Soneto
Francisco
Otaviano (1825-1889)
Morrer, dormir, não mais,
termina a vida,
E com ela terminam nossas
dores;
Um punhado de terra, algumas
flores...
E às vezes uma lágrima
fingida.
Sim, minha morte não será
sentida:
Não tive amigos e nem deixo
amores;
E se os tive, tornaram-se traidores,
Algozes vis de um’alma
consumida.
Tudo é podre no mundo! Que
me importa
Que amanhã se esboroe ou que
desabe,
Se a natureza para mim é
morta?!
É tempo já que o meu exílio
acabe...
Vem, vem, ó morte! ao nada
me transporta:
Morrer, dormir, talvez
sonhar, quem sabe!