El reloj
Zemaria Pinto
As
horas passam como cavalos enlouquecidos, sob as sombras da noite. Eu conto
cada segundo marcado, avançando ao encontro da manhã, quando ela irá embora,
construir um novo futuro, um outro destino. Se eu pudesse parar o tempo, não o
tempo dos relógios, mas o tempo das vidas, a manhã não chegaria jamais e a
noite seria para sempre. Bobagem. O tempo é uma ilusão. O relógio é uma ilusão.
Eu estou aqui, despedaçado, e ela está lá, dormindo sem remorsos. Mas o sol é
concreto. Quando a manhã chegar, terei a solidão por companhia e essa
indescritível dor me dilacerando a vontade.
El reloj (1957), de Roberto Cantoral (México,
1935-2010). Bolero.
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